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Alfred Russel Wallace

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“Eu era um materialista tão convencido, que não admitia absolutamente a existência do mundo espiritual. Os fatos, porém, são coisas pertinazes. Eles me obrigam à aceita-los como fatos.”

 Alfred Russel Wallace nasceu, em 8 de janeiro de 1823, em Llondac – Monmouthshire, País de Gales, e desencarnou em 7 de novembro de 1913,e m Broadstone – Dorset – Inglaterra, filho de Thomas Vere Wallace e Mary Anne Greenell.

Passou por uma infãncia dificil, sendo enviado para viver com seu irmão mais velho durante quase toda a sua adolescência. Esta convivencia lhe resultou ter acesso ao Hall of Science, local onde se discutiam os ensinamentos de Robert Owen entre outras atividades recreativas.

Mesmo com dificuldades, Alfred Wallace não deixou de estudar e interessar-se pela ciência, vindo a ingressar no Instituto de Mecânica da Cidade de Kington.

Quando contava vinte anos de idade, Alfred Wallace ingressou como professor de mapas na Colegiate School of Manchester, tendo que contar com uma parca remuneração para ajudar a sua familia.

Alfred foi bastante influenciado pelo pensamento de Thomas Malthus, especialmente no que concerne a sua teoria do controle do crescimento populacional.

Após o falecimento do seu irmão mais velho que lhe deu guarida na adolescência, mudou-se para Neath, a fim de cuidar dos negócios daquele. Neste momento aproximou-se da botânica, bem como voltou a reunir o restante da família para morarem todos juntos.

Wallace e seu irmão Herbert participaram da construção do novo Instituto de Macânica da Cidade de Neath, inaugurado em 1848.

Sua vontade de viajar para outros territórios foi motivada pela curiosidade que a botânica sempre lhe despertou, razão esta que o trouxe à Amazonia brasileira quando contava com 25 anos de idade.  Margeando o Rio Negro, passou por diversas cidades, tais como Salinópolis, Belém do Pará, Manaus, coletado vestígios e dados de animais e vegetais, trabalho este que  totalizou a coleta de quase 1.300 espécies diferentes.

Wallace passou quatro anos na Amazônia.  Nesta viagem ocorreu o desercane do seu irmão Herbert,vítima de malária, fato este que deixou Wallace bastante abatido, porém, em retorno à Inglaterra, mesmo perdendo boa parte dos seus registros de viagem por conta de um incêndio no navio, publicou o livro “Travels on Amazon and Rio Negro”, narrando a sua viagem, relatando todos os conhecimentos obtidos através da fauna, flora, silvícolas e o povo ribeirinho da bacia amazônica.

Em 1854, Wallace rumou para Singapura, e iniciou uma longa viagem por várias ilhas do arquipelago malaio em busca de espécimes novos, levantando nesta expedição, mais de 125 mil espécies.

Wallace propunha desde os idos de 1838 que a luta pela sobrevivência era a causa da mudança das espécies no processo evolutivo, pensamento este que nota o viés da influência dos ensinos de Malthus, porém, somente em 1855, iniciou-se entre Wallace e Darwin, as correspondências acerca das suas impressões pessoais acerca das questóes naturalistas.

Segundo comentários do Professor aposentado da Universidade de São Paulo e doutor em Biologia, Nelson Papavero, em entrevista concedida ao Reporter Eco, programa da Tv Cultura[1], Wallace em 1858, quando estava em expedição no arquipelágo Malaio, passou por uma grave febre decorrente de malária e em delirio teria sonhado com a o escopo da teoria da seleção natural.

Na posse desse pensamento, Wallace encaminhou um artigo de sua lavra para Charles Darwin, que percebendo a grandiosidade da ideia de Wallace resolveu finalizar os seus estudos que já vinham se estendendo há anos sem conclusão.

Em julho do mesmo ano, os amigos apresentaram suas teorias em um encontro da Sociedade de Linnean.

Uma leitura dos artigos publicados pelos dois naturalistas em 1858 mostra que ambos fizeram referência à luta pela existência que existe na natureza, onde o indivíduo melhor adaptado sobrevive e deixa descendente, enquanto que o menos adaptado deve sucumbir e sua variedade ou espécie entrar posteriormente em extinção.

Depreende-se que, muito embora Wallace não tenha utilizado a expressão “seleção natural”, referiu-se a um princípio cuja conotação é a mesma daquele proposto por Darwin.[2]

Posteriormente, Charles Darwin veio a publicar o livro que o celebrizou, a “origem das espécies”, livro que foi recebido por Wallace como um dos marcos no conhecimento humano.

Existem discussões sobre a hipótese de Darwin ter-se apropriado da ideia de Wallace, pois Darwin declarou que recebeu a carta (artigo) de Wallace um mês após o que de fato teria recebido, de modo que poderia ter escrito e burilado os seus escritos sob a luz encontrada no artigo elaborado por Wallace, porém, o que se depreende atualmente nos bastidores acadêmicos é que Wallace foi mais longe que Darwin, pois seus escritos tratavam também do aspecto do processo evolutivo das espécies, enquanto que Darwin se restringiu apenas a aprofundar-se no aspecto da seleção natural.

Peter Raby, professor de literatura de Cambridge, e autor da Biografia “Alfred Russel Wallace”: A Life – declarou que Wallace não recebeu todo o crédito que deveria ter recebido pela comunidade científica.[3]

Neste livro aborda, também, quão fortemente a expedição pela Amazônia influenciou o pensamento de Wallace; vejamos o trecho da entrevista concedida por Peter Raby ao Jornal Folha de São Paulo em 26 de agosto de 2008:

“Aqueles quatro anos na Amazônia moldaram a mente e a vida de Wallace. Foi em parte  o que aconteceu. Claro que ele não conseguiu explorar essas reflexões da maneira como ele planejava, por causa da perda de parte de seu material (num navio que pegou fogo a caminho da Inglaterra), mas não obstante isso deu a ele a amplitude de visão e o tempo de reflexão de que ele precisava para ser mais do que um colecionador. Eu sinto muito fortemente que não a teoria final, mas o seu instinto sobre as espécies, que seria esclarecido no arquipélago malaio, os alicerces disso foram construídos na Amazônia.”

Wallace retornou à Inglaterra, de volta de sua grande viagem pela Ásia, em abril de 1862, passando a participar ativamente das discussões que eram travadas na sociedade científica sobre a origem do homem, dentre outros assuntos de extrema profundidade acerca da evolução das espécies e outras questões sobre biologia.

Wallace escreveu diversos livros que abordavam tais temas, quais sejam:

  •  O arquipélago malaio (1869)
  •  Contribuições à teoria da seleção natural (1870)
  •  A distribuição geográfica dos animais (1876)
  •  A natureza dos trópicos e outros ensaios (1878)
  •  A vida insular (1880)
  •  Darwinismo (1889)

Wallace ingressou como membro em diversas sociedades científicas inglesas mais eminentes em sua área, dentre elas a Zoological Society, a British Ornitologists Union, a Linnean Society e a British Society for lhe Advancement of Science.

Não obstante a pálida luz que lhe devotou a comunidade científica, jamais colheu frutos materiais de relevância, inclusive sendo ajudado, por influência do seu amigo Darwin, com um soldo de 100 libras anuais, patrocinado pela Rainha Victoria.

Sua vida continuou de homem simples e ligado à natureza, prosseguindo os seus estudos até o final de sua existência física.

Sua aproximação com os primórdios do Espiritismo remonta a época em que lecionava como professor em Leicester, vindo a assistir uma conferência sobre mesmerismo, dada por Spencer Hall, que o levou a fazer experimentos com seus alunos, obtendo resultados que o impressionaram e marcaram o início das pesquisas que o conduziriam ao exame dos fatos do espiritualismo.

Foi um grande difusor das doutrinas espiritualistas e, também, defensor da Doutrina Espírita, especialmente o seu caráter científico, sendo que em 1864, fundou em Londres, a Sociedade Dialética de Londres, dedicada aos estudos dos fenômenos espíritas.

São desta época as seguintes obras:

  • The Scientific Aspect of Supernatural (O aspecto científico do sobrenatural) – 1866

Sinopse: No seu ensaio, Wallace fez uma síntese dos precursores do movimento espiritualista inglês: c) mesmerismo, a frenologia, (1) o sonambulismo provocado (clarividência) e o owenismo.(2) Ele mesmo fez experimentos com pessoas em estados alterados de consciência, como os seus jovens alunos ingleses, os índios que encontrou sua viagem pelo rio Amazonas e os diversos médiuns com quem teve contato. Ele oferece ao leitor um apanhado dos principais livros sobre o tema e serviam de base ao conhecimento espiritualista, além de apresentar os médiuns, adeptos e simpatizantes do espiritualismo anteriores aos trabalhos de William Crookes e da fundação da Sociedade de Pesquisas Psíquicas.

  • Les Miracles et le modern spiritualisme  – 1875

Tais obras incentivaram muito os cientistas da Europa para o estudo dos fenômenos espiritas.

Além destas obras, Wallace também escreveu diversos artigos. O seu cientifico de tais ensaios acerca dos ditos fenômenos motivou William Crookes a investigá-los.

No âmbito da Doutrina Espírita, o próprio Wallace explica sua conversão às ideias espiritualistas em uma entrevista:

“Quando voltei do exterior, em 1862, li sobre o espiritualismo e, como a maioria das pessoas, achei que fosse tudo fraude, ilusão, estupidez. Encontrei pessoas aparentemente inteligentes e sadias que assegurava, que haviam tido experiências maravilhosas. A senhora Marshall era uma médium conhecida em Londres àquela época e, após um exame detido, fiquei convencido de que os fenômenos associados a ela eram perfeitamente genuínos. Mas levei três anos de investigações subsequentes para certificar-me de que eles eram produzidos por espíritos.”[4]

Pesquisadora e Redatora : Cristiane Aparecida Regiani Garcia

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BIBLIOGRAFIA:

  1. Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Russel_Wallace
  2. Site: www.autoresespiritasclassicos.com

[1] http://www.tvcultura.com.br/reportereco/materia.asp?materiaid=849

[2] Carmo. Viviane Arruda e Pereira Martins, Lilian Al-Chueyr, Charles Darwin, Alfred Russel Wallace e a seleção natural: um estudo comparativo – pesquisa publicada no livro – Filosofia e História da Biologia, v. 1, p. 335-350, 2006.

[4]  Dawson, Alfred. ” Alfred Russel Wallace: A Biography Capsule “.Universidade de Kentucky

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