Estamos habituados a localizar o conceito de cidadania somente nas relações homem-Estado; é o espaço das relações políticas e sociais, onde elegemos os gestores da administração pública, tendo como objeto o bem estar público.
Platão, em “A República” estrutura a sua forma de governo com base na visão de que o filósofo poderia ser o líder ideal, “o governante autêntico, que não deve visar ao seu próprio interesse, mas ao do governado”. Os filósofos hoje estariam nesta condição? Talvez. Sabemos que a excelência das profissões se situa fundamentalmente no caráter de quem as exerce, muito mais do que apenas nas habilidades.
A formação do homem ou da mulher no exercício das profissões diz respeito à educação e à ética e suas implicações morais. Ética que sustenta as bases do exercício da cidadania com base em leis morais, desdogmatizadas, despolitizadas no sentido da prevalência dos jogos de poder, em detrimento das necessidades básicas dos indivíduos. Parece-nos que o Espiritismo tocou fundo nessas questões, ao nos incentivar o exercício da solidariedade fraterna.
Sócrates idealiza uma sociedade onde os seres abririam mão do poder para o bem estar comum, contudo, estamos longe dessa realização. Os Espíritos Superiores na Codificação espírita indicaram-nos o caminho do autoconhecimento e da autoeducação.
Allan Kardec integraliza esses ensinamentos ao falar-nos da Aristocracia Intelecto-moral, como a última fase do crescimento humano, onde pautaríamos o nosso comportamento com base na Sabedoria e na Fraternidade. Léon Denis felicita-se com essas orientações e idealiza uma sociedade socialista, no vero sentido do termo, sem ideologias que mais penalizaram o ser humano pouco ou nada fazendo pelo seu enobrecimento. Herculano Pires toca nessa questão, falando-nos da cosmossociologia espírita, finalidade do Espírito que transita entre dimensões aparentemente opostas.
A questão não está fechada. Resta-nos muito a fazer, a meditar, a conscientizar, a educar, a ser. Tomemos a iniciativa.
Sonia Theodoro da Silva
Veja: Sócrates e Platão
(Publicado em Nov/Dez 2011 nos seguintes periódicos: The Journal of Psychological Studies – Science, Philosophy and Religion;Journal Psychologischer Studien – Wissenschaft, Philosophie und Religion; Periódico de Estudios Psicológicos – Ciencia, Filosofía y Religión; Giornale di Studi Psicologici – Scienza, Filosofia e Religione; Journal d´études psychologiques – Science, philosophie et religion).
