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Yvonne do Amaral Pereira – a pensadora e a educadora

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Início do século XX: em uma véspera de Natal, quando todos ficam mais sensíveis e    confraternizam, quando o Amor desce dos céus a Terra e a comunidade cristã festeja o nascimento de Jesus, nascia a 24.12.1900, Yvonne do Amaral Pereira (seus dados biográficos e o elenco de obras psicografadas por ela estão na página: https://www.filosofiaespirita.org/site/?p=514).

Em um século onde o Brasil começa a sair da atividade econômica eminentemente agrícola ao surgir as primeiras indústrias, se inicia e consolida o processo tecnológico no campo dos transportes, com a chegada  da energia elétrica e os bondes elétricos, o desenvolvimento da aviação, do automóvel, o surgimento do cinema, e da fotografia. É o século da chamada Arte Moderna com os movimentos culturais do pós-romantismo.

Uma menina educada em lar espírita, mas de poucos recursos, conseguindo estudar somente ate o primário, o que hoje seria o primeiro segmento do ensino fundamental. Portanto, autodidata, vai desde pequena formando um caráter que somente Espíritos amadurecidos pelo sofrimento ao longo de diversas reencarnações possuem, compreendendo que assim como o nosso corpo material precisa de alimento, o espiritual também.

Assim, desde tenra infância (08 anos de idade) dedica-se ao estudo e leitura de livros, periódicos e como não possuísse recursos cultivou o hábito de copiar em papel manilha todas as obras que lia.

Esse hábito  desenvolveu em Yvonne o gosto pela reflexão, pois ler e escrever sobre o que se leu, não significava para ela  fazer meramente uma cópia, mas pensar sobre o que lia e escrevia. Essa tática aguçava seu raciocínio, desencadeava uma logicidade para a compreensão das palavras relacionando-as com outros termos e significados. Aguçava a imaginação, fazendo criar e recriar situações.

Aos 12 anos produziu seus primeiros textos, que foram publicados em diversos jornais, infelizmente perdidos  ao longo do tempo pelo hábito de não guardá-los.  Foi com esta idade que também escreveu contos e pequenos poemas em prosa, que bem mais tarde foram publicados na imprensa mineira, paulista e fluminense.

Aos 13 anos já escrevia com desenvoltura, estudando sozinha até altas horas da madrugada. Aprendeu também um pouco de música e chegou a dedilhar o piano.

Aos 16 anos já havia lido obras clássicas de Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle, dentre outros.

Deste modo, mais tarde Yvonne vai escrever artigos reflexivos acerca do livro de Conan Doyle, “A História do Espiritismo” (History of Spiritualism), e das obras de Léon Denis, o consolidador do Espiritismo.

Léon Tolstoi, escritor russo, um dos Espíritos que muito escreveu através da mediunidade de Yvonne – destaque-se o livro Ressurreição e Vida, cap. 5-O discípulo anônimo.

Na segunda metade do século XX  já tinha textos sobre literatura publicados em vários periódicos. Yvonne deixou para a posteridade um legado de seis obras, sendo divididos em três coletâneas de artigos e três contendo relatos autobiográficos.

Seus artigos, qualquer que fosse a abordagem, científica, filosófica ou religiosa, eram de um raciocínio extremamente lúcido, e com uma visão crítica da realidade com uma postura sempre coerente com o conteúdo ético moral da doutrina dos Espíritos.

Pensadora assim considerada pelo hábito de refletir sobre as diversas obras e escrever sobre isso, Yvonne também foi educadora lato senso, quando em determinada fase da vida ministrou aulas de doutrina espírita para crianças e adolescentes. Além disso, educou a quantos puderam gozar do privilégio de ouvir suas palestras. Sua oratória era impecável, seu raciocínio lógico e inspirado levavam a platéia a reflexões profundas.

Usando a técnica de parábolas, como Jesus, prendia o público contando casos.

Yvonne tinha por gosto escrever cartas e assim foi fácil para ela mais tarde estabelecer correspondências com todos que lhe escrevessem pedindo conselhos. Eram cartas elucidativas sobre as origens e soluções dos conflitos que atormentam a alma humana.

Escreveu também Yvonne, como era costume da época sob o pseudônimo de Frederico Francisco, homenagem ao grande compositor Fryderyk-Franciszek (Fréderic-François) Chopin, na Revista Reformador.

De forma intrigante suas crônicas abordavam o seu cotidiano e o das pessoas, despertando assim o interesse dos leitores. A exemplo dos artigos: “A verdade mediúnica”, “Incompreensão”, “O grande compromisso”.

Leiamos um trecho do artigo “O grande compromisso”: (…..A mediunidade é campo de ação relevante, no qual se semeiam hoje, para colheita próxima, as valiosas messes de luz, ou onde se segam as culturas anteriores, normalmente assinaladas por cardos e dissabores….Viajor do tempo em sucessivas etapas evolutivas, o espírito é o programador da sua vida, seguindo, embora, no rumo do fatalismo da felicidade, que é a sua etapa final..)

Consideramos importante também, trazer um trecho de artigo na Revista Reformador de março de 1979, assinado com o pseudônimo Frederico Francisco, intitulado “Convite ao Estudo”, que nos parece tão atual devido ao fato de que atualmente pouco se menciona o fato de que somos herdeiros de um passado obscuro que se reflete em nossas reencarnações atuais – assim, Yvonne esclarece que:

“…..Nos códigos da Doutrina Espírita, os mensageiros do Senhor esclarecem que inúmeros males que nos assaltam podem ser frutos negativos colhidos de atos praticados na atual existência, uma vez que até mesmo pensamentos inferiores, o mau trato pessoal contra o próximo e ate os vícios que tenhamos podem reverter em prejuízos graves sobre nos próprios. De outro lado, você está enganada quando julga que Jesus prometeu curar alguém. Não, Ele não prometeu curar, prometeu apenas aliviar….

Fiel aos ensinamentos da equipe do Espírito da Verdade, Yvonne do Amaral Pereira, está entre aquelas pessoas que compromissadas de fato com a divulgação da mensagem do cristianismo primitivo, tão cristalina quanto saiu dos lábios e das ações de Jesus, levou luz às almas não somente através da sua mediunidade abençoada, mas também como pensadora e educadora.

À parte a sua riquíssima obra psicográfica mediúnica, sob a orientação do Espírito Charles, de autores como Victor Hugo, Léon Tolstoi, Bezerra de Menezes, destacamos alguns livros da autoria e reflexões de Yvonne sobre temas diversos:

Devassando o Invisível (1963), onde a autora relata o emocionante encontro que teve com Chopin; trata-se de um livro de pesquisas sobre a sua vivência pessoal com a mediunidade de que era portadora;

  • Recordações da Mediunidade (1968), neste livro a autora detalha o processo educacional mediúnico, com base no Espiritismo;
  • À Luz do Consolador (1997), reflexões sobre o Espiritismo em nossas vidas;
  • Cânticos do Coração (1994), sobre o período apostólico cristão.  

Redatora:  Neide Aparecida Fonseca

Bibliografia consultada

Camilo, Pedro – Yvonne Pereira – Uma heroína silenciosa, ed. Lachatre, 2.a edição, julho 2005;

Freitas, Augusto Marques; Revista Reformador, março de 1994 (“A vida e a obra de Yvonne do Amaral Pereira ficarão gravadas para sempre no coração de todos nós e na História do Espiritismo.”)

 

 

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