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Abraham Lincoln, Victor Hugo e a conspiração do silêncio

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Sonia Theodoro da Silva
Recentemente, os filmes “Lincoln”, parte da biografia do famoso presidente e “Os Miseráveis”, musical extraído do romance best-seller de Victor Hugo retrataram momentos históricos de grande importância para as nações envolvidas: Estados Unidos e França. Ambos concorreram ao Oscar 2013 e a outros diversos prêmios que antecedem ao primeiro, porém, é evidente que atraem multidões; sem nos prendermos aos comentários dos críticos especializados vamos direto ao ponto: Abraham Lincoln, que viveu entre 1809 e 1865, portanto contemporâneo de Allan Kardec, e do próprio Victor Hugo (1802 – 1885), igualmente contemporâneo ao lançamento de O Livro dos Espíritos (1857) e, sem dúvida alguma também deve ter tomado conhecimento dos fenômenos que ocorreram em Hydesville (1848), era médium. Os fenômenos que ocorriam consigo davam-lhe a certeza de que “acreditava-se o instrumento de uma Inteligência situada para além de sua compreensão pessoal. Por esse motivo nunca se perturbou e caminhou com serenidade e tristeza para o seu sacrifício final, sem nenhuma preocupação em ocultar as suas tendências para a pesquisa psíquica, suas premonições, sonhos, visões, suas experiências em sessões de comunicação mediúnica, seus diálogos com os desencarnados e sua – até certo ponto incômoda – faculdade de intuitivo.” (Rodrigues, 1967).

O livro de Nettie Colburn Maynard, “Was Abraham Lincoln a Spiritualist?” foi traduzido pelo escritor brasileiro Wallace L. Rodrigues e é um manancial de revelações acerca da vida do Presidente norte-americano, que, em meio a dramas pessoais, ao enfrentamento de uma guerra civil que priorizava a separação dos Estados do sul e do norte, com a morte, ao seu final, de quase 40.000 soldados, além de outros tantos civis (veja-se “A Guerra Civil Americana”, excelente documentário exibido pela TV Univesp) e que tinha como motivo a escravidão nefanda dos negros nas fazendas sulinas, ainda teve forças para libertá-los, através da Emenda Constitucional No. 13.
A emenda nº 13 é de 1865 e determinou a abolição da escravidão. A emenda nº 15 é de 1870 e estendeu o direito de voto para ex-escravos, portanto, de nada adiantando os protestos, as conspirações, que acabaram por levar ao assassinato do presidente.

Mas, infelizmente, o que o filme não relata – nem sequer cita – é o fato de que Lincoln realmente realizava sessões mediúnicas na Casa Branca, onde buscava, junto aos Espíritos, aconselhar-se quanto aos destinos do país que jurara manter unido e em Paz. Após a sua morte (por ele prevista em sonho), sua esposa continuou os contatos com os Espíritos, sendo fotografada por um precursor da fotografia espírita de nome Mumler, com o Espírito do marido ao seu lado, sendo que o próprio fotógrafo desconhecia a identidade da sra. Lincoln.

O livro de Maynard, traduzido sob o título “Sessões Espíritas na Casa Branca” e que também traz os testemunhos verbais e documentais de contemporâneos e pesquisadores da época e posteriores, são um atestado cabal da interferência dos Espíritos Superiores – interferência necessária à época – para que a grande nação não sucumbisse ante o ódio sectarista que sempre ameaçou os seus alicerces, e que se estende até os dias atuais.

Victor Hugo dispensa apresentações. Sua personalidade poderia ser definida hoje como pacifista e ativista de direitos humanos, da defesa dos oprimidos, e da liberdade democrática – a legítima e tão distante liberdade democrática em nossos dias. Defensor da abolição da pena de morte em seu país, traça em “Os Miseráveis” vários aspectos de seu tempo: a miséria moral e material reinante nas camadas sociais mais desprovidas e abandonadas pelos governos e a assistência social praticamente limitada e quase inexistente, a crueldade reinante nas instituições penais, bem como nas demais instituições, sem mencionar a sua inadequação, o que levava o prof. Rivail, futuro Allan Kardec, seu contemporâneo, a buscar alternativas na Educação, além do sempre presente, intenso e escravizante preconceito contra a mulher.
Victor Hugo, durante o seu exílio (veja-se a sua biografia no site abaixo mencionado) dá início às sessões mediúnicas onde recebia os mais eminentes Espíritos da história humana, e que estão em parte relatados no livro de Eduardo Carvalho Monteiro, “Victor Hugo e seus Fantasmas”, bem como de Humberto Mariotti, “Victor Hugo Espírita”.

A única possibilidade de se captar o lado “transgressor” de Hugo, é na cena final do filme que mencionamos há pouco, quando do momento da morte do personagem Jean Valjean, a presença do Espírito Fantine vem lhe dar a certeza de que ele cumprira a sua missão de vida, ao dar à sua filha, Cosette, toda a dedicação de um verdadeiro pai.

Infelizmente, o materialismo ainda credita a comunicação dos Espíritos à superstição e à fantasia.

Triste “conspiração silenciosa” que dificulta, entrava, retarda, estende e mantém a ignorância e o sofrimento às suas milhares de vítimas, no mundo inteiro.

Bibliografia:
Sessões Espíritas na Casa Branca – Nettie Coburn Maynard, 1ª. Ed., O Clarim, 1967;
http://jus.com.br/revista/texto/10282/direito-comparado#ixzz2KWP37IEf Vigiar e Punir, Michel Foucault, 12ª. Ed., Vozes;
https://www.filosofiaespirita.org/site/?p=281)
Veja ainda: http://filosofandocotidiano.blogspot.com

Este artigo mereceu Matéria de capa na Revista Internacional de Espiritismo em 2013.

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