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ESTOICISMO E FILOSOFIA ESPÍRITA

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O filósofo EPICTETO, um estóico cujas ponderações vem ao encontro de muitas expressões de bem estar e auto conhecimento desenvolvidos pela Filosofia Espírita.

Em primeiro lugar, gostaria de convidar você a assistir aos nossos programas FILOSOFANDO da primeira temporada datada de 2014, onde há vários vídeos nos quais explico quais os aspectos convergentes e também divergentes da Filosofia com a Filosofia Espírita.

Quem foi Epicteto?

Epicteto nasceu durante o período inicial do Império Romano, em 50 ou 55 na cidade de Hierápolis, “uma antiga cidade localizada no vale do rio Lico, próxima as cidades de Laodiceia e Colossas, na região clássica da Frígia. Suas ruínas ficam ao lado da cidade de Pamukkale, na atual Turquia.

A cidade floresceu no período helenista, foi parcialmente destruída por um terremoto “que o fez perder todo o seu antigo caráter helenístico para se tornar uma típica cidade romana. Nesse período, tornou-se um importante centro de descanso de verão para os nobres de todo o império, que iam a cidade atraídos pelas águas termais. Mais tarde sob o domínio bizantino, caiu nas mãos dos seljúcidas em 1210. Foi completamente destruída por um terremoto em 1354.” (wiki)

Hoje as suas ruínas são reconhecidas como patrimônio da humanidade pela UNESCO.

“Nesta cidade residiram Papias, discípulo do apóstolo João e Epiteto, filósofo estoico. A cidade de Hierápolis é mencionada uma única vez na Bíblia, na Epístola aos Colossenses, onde o apóstolo Paulo de Tarso encarcerado em Roma cita sobre o zelo que Epafras, um companheiro de suas aflições, tem pela igreja de Hierápolis.”

Pois bem, Epicteto viveu a maior parte de sua vida (88 anos), em Roma, onde, contam as tradições, ele foi escravo, a serviço de Epafrodito, o cruel secretário de Nero, que segundo essa mesma tradição, quebrou-lhe uma perna.

Não obstante a vida difícil, Epicteto aproximou-se do filósofo estóico Caio Musônio Rufo, tornando-se ele mesmo filósofo do Estoicismo.

Segundo Roberto Radice, prof. de História de Filosofia Antiga da Universidade Católica de Milão, o Estoicismo floresceu na Grécia e em Roma.

Diz Radice : “A base em que se apoia consiste de uma considerável quantidade de textos em parte apenas mencionados, em parte relatados totalmente, e que em seu conjunto fixam e justificam o percurso argumentativo da obra.” (Página 11)

Radice ressalta “a força moral daqueles incontáveis estoicos romanos que pagaram com a vida sua coerência aos” seus princípios.

Segundo Radice, o estoicismo contribuiu para a formação do “primeiro pensamento cristão e no desenvolvimento da filosofia de fundo religioso característica da época imperial.

Seguramente, o estoicismo impressionou a vida de todos os que lhe seguiram os passos, como Sêneca e o imperador romano Marco Aurélio.

O Estoicismo é conhecido pela suas exigências de moral austera, porém conducente a um estilo de vida onde a busca pela paz e pela tranquilidade perpassam pelo sentimento de fé e profundo amor à vida.

Um exemplo, ou dos exemplos dessa força do estoicismo na moral de seus adeptos, é o caso do penúltimo dos grandes estóicos, Epicteto, escravo, e o último, “Marco Aurélio, imperador de Roma; não nos esqueçamos também de que o Estoicismo foi a única” escola “filosófica grega a ter mártires.

No tempo de Nero e de Domiciano, muitos estóicos romanos (…) foram perseguidos ou levados ao suicídio, como por exemplo Sêneca, por sua aversão ao tirano Nero, devido não a motivos políticos, mas morais, pela vida dissoluta e escandalosa dos imperadores.

Dentre as linhas fundamentais do Estoicismo encontramos a capacidade da escola de potencializar “os aspectos consoladores da filosofia, bem como sua função terapêutica dos males da alma.

“Essa iniciativa, bem como outras, convergiam, todas elas, à tentativa de dar segurança ao homem por um processo que se pode chamar de identificação com todo o Universo, para que pudesse viver verdadeiramente segundo a natureza”, ou seja, respeito e harmonia com relação ao conjunto da Natureza.

“A busca da ‘cosmicidade’ do homem – se é que podemos chamar assim, e a Filosofia Espírita igualmente nos convida a ser partícipes da criação, respeitando as diversas formas de vida na natureza, e também indo ao encontro do pensamento de F. Capra, em seu belo livro ‘A Teia da Vida’ – “também foi garantia da difusão do Estoicismo, de sua adaptabilidade a contextos diversos (por exemplo, em Roma) e da eficácia no campo social e dos costumes, devida também à contínua renovação a que se submeteu.”

Afirma Radice, que “uma das fases, do desenvolvimento do Estoicismo, a última, chamada Neoestoicismo de Sêneca, Musônio Rufo, Epicteto e Marco Aurélio, que se colocam no I-II séculos d.C., é expressão do ambiente romano (…). Este momento, em seu todo, desenvolve os temas morais da doutrina e ignora aqueles ligados à lógica e à física, a não ser pelos aspectos que ajudam na determinação da conduta do homem.”

Radice destaca que “o fim do filosofar é a ética “ – e eu pergunto a você, qual a finalidade da Filosofia Espírita?

É a ética! E Allan Kardec ainda qualifica essa ética com a moral de Jesus de Nazaré!

Veja aqui um importante aspecto de convergência com a Filosofia Espírita !

O segundo aspecto, a lógica estóica, “ tem em sua maior parte uma função crítico-defensiva dos princípios morais”; aqui a lógica espírita expande-se, já que a Filosofia Espírita é bem mais ampla, abarcando todo o conhecimento humano.

Fiquemos com o aspecto ético e sua convergência com a Filosofia Espírita e os ensinamentos ético-morais de Jesus.

No livro “A Arte de Viver”, escrito por Sharon Lebell, com base no Manual de Epicteto, a autora destaca esses aspectos Virtude, Felicidade e Sabedoria em aforismos ou pequenos textos de intensa profundidade:

“A felicidade só pode ser encontrada dentro de nós”

“Para fazer bem qualquer coisa, você precisa ter a humildade de tropeçar aqui e ali, de se perder de vez em quando, de cometer erros elementares. Tenha a coragem de tentar realizar alguma tarefa encarando a possibilidade de realizá-la mal. As vidas medíocres são marcadas pelo temor de não parecer capaz ao tentar algo novo.”

“Pratique assumir uma atitude grata diante da vida e você será feliz. Se você enxerga tudo de uma perspectiva mais ampla, é natural que dê graças a tudo o que acontece.”

“Contemple o mundo (…) com os olhos de um principiante. Saber que você não sabe e estar disposto a admitir isso sem desculpas nem acanhamento é ser forte de verdade e preparar o terreno para aprender e progredir em qualquer atividade.”

“Para viver uma vida de virtude, você precisa tornar-se coerente, mesmo se isso não for conveniente, confortável ou fácil. A maioria das pessoas quer ser boa e tenta de alguma forma conseguir isso, mas costuma ceder à lassidão, quando enfrenta um desafio moral.”

“O primeiro passo para viver com sabedoria é renunciar à vaidade.”

“No que diz respeito à arte de viver, o material é a sua própria vida. Não se pode criar grandes coisas de uma hora para outra. É preciso tempo. Dê o melhor de si e seja sempre bom.”

Epicteto (55 d.C. – 135 d.C.) ensinou em Roma até o ano 94 da era cristã, quando o imperador Domiciano baniu todos os filósofos da cidade. No exílio, ele estabeleceu sua escola filosófica, tendo entre seus alunos o futuro imperador romano Marco Aurélio, autor de Meditações.”

“Com apaixonada simplicidade, o filósofo Epicteto concebeu o primeiro e mais admirável Manual do ocidente sobre como viver melhor – com sabedoria, dignidade e tranquilidade.

“Nascido escravo por volta do ano 55 d.C., no Império romano, ele se tornou um dos grandes mestres do Estoicismo, “ – em sua terceira fase – “e dedicou sua vida a responder a duas questões fundamentais: ‘como viver uma vida plena e feliz, e ‘como ser uma pessoa com qualidades morais. “

“Epicteto acreditava que a meta principal da filosofia é ajudar as pessoas comuns a enfrentar positivamente os desafios cotidianos e a lidar com as inevitáveis perdas, decepções e mágoas da vida.”

(A Arte da Vida, Epicteto – org. Sharon Lebell)

A escola estóica nesta fase de sua existência, por meio de seus pensadores romanos “trouxe a essência de uma filosofia cujos méritos foram comprovados pelo tempo.

Sonia Theodoro da Silva, filósofa e espírita.

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