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Anaxágoras de Clazômenas

Pesquisa realizada por Eduardo Salles Nunes de Souza

Anaxágoras de Clazómenas ou Clazômenas (500 a.C. — 428 a.C.), filósofo grego do período pré-socrático.

Anaxágoras deu prosseguimento à tentativa de resolver a grande dificuldade suscitada pela filosofia eleática, viveu durante três décadas em Atenas.

Provavelmente, foi exatamente seu o mérito de ter introduzido o pensamento filosófico nessa cidade, destinada a tornar-se a capital da filosofia antiga. Ele escreveu um tratado Sobre a natureza, do qual sobreviveram até hoje fragmentos significativos.

Em 431 a.C. foi acusado de impiedade e partiu para Lâmpsaco, uma colônia de Mileto, também na Jónia, e lá fundou uma nova escola.

Anaxágoras propôs, assim como os pluralistas, um princípio que atendesse tanto às exigências teóricas do “ser” imutável, princípio de tudo, quanto à contestação da existência das múltiplas manifestações da realidade.

 

A descoberta das homeomerias e da inteligência ordenadora

Anaxágoras propôs, assim como os pluralistas, um princípio que atendesse tanto às exigências teóricas do “ser” imutável, princípio de tudo, quanto à contestação da existência das múltiplas manifestações da realidade.

Esse novo princípio, Anaxágoras chamou homeomerias. As homeomerias seriam as sementes que dão origem à realidade em sua pluralidade de manifestações.

Afirmava que o universo se constitui pela ação do Nous, conceito que geralmente é traduzido por inteligência. Segundo o filósofo, o Nous atua sobre uma mistura inicial formada pelas homeomerias, sementes que contém uma porção de cada coisa. Assim, o Nous, que é ilimitado, autônomo e não misturado com nada mais, age sobre estas sementes ordenando-as e constituindo o mundo sensível.

Eis como Anaxágoras a descreve, em um fragmento que chegou até nós e que constitui um dos vértices do pensamento pré-socrático: “Todas as outras coisas têm parte de cada coisa, mas a inteligência é ilimitada, independente e não misturada a alguma coisa, mas é só em si mesma”.

“Com efeito, ela é a mais sutil e mais pura de todas as coisas, possui pleno conhecimento de tudo e tem imensa força.”

“E todas as coisas que têm vida, as maiores, são todas dominadas pela inteligência. A inteligência deu impulso à rotação universal, de modo que desde o princípio se desse o movimento rotatório.”

E com isso alcançamos um refinamento notável do pensamento pré-socrático: ainda não estamos na descoberta do imaterial, mas certamente estamos no estágio que a precede imediatamente.

Esta noção de causa inteligente, que estabelece uma finalidade na evolução universal, irá repercutir em filósofos posteriores, como Platão e Aristóteles. Influência também exercerá em Leibniz, que aproveitará a idéia de homeomerias.

 

 

Bibliografia:

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: Antigüidade e Idade Média Volume I. 3ª ed. São Paulo: PAULUS, 1990.  p. 62-65.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Anax%C3%A1goras