Alguém já disse que conviver é uma arte. A arte demanda sensibilidade, percepção, acuidade visual, habilidades cognitivas, intuição. Refiro-me à boa Arte, aquela que exprime e transmite bem estar quando visualizada, ouvida, sentida. Que convida ao retorno, que repousa o olhar, que irradia paz.
Alguns estudiosos vão além e afirmam que a arte sequer pode ser compreendida pelo discurso racional, pois as palavras reduzem o seu significado. Vivemos no mundo rodeado pela arte e pela criatividade, pois estão presentes na música, no teatro, na dança, na arquitetura, na literatura, nas artes plásticas… .
A boa convivência é como a boa Arte. Irradia confiança, igualmente bem estar, espontaneidade e, em alguns casos, nos torna felizes. Não aquela felicidade ilusória, criada pelas mentes consumistas, mas o ágape, a felicidade plena, mesmo de curta duração, pois na Terra de provas e expiações ainda não podemos usufruir da felicidade dos justos.
Nossa vida é feita de momentos, como uma edificação construída pela base, alicerces, tijolos, concreto, e todos os elementos necessários para que o edifício se torne habitável e confortável. Se a base é ruim, o edifício desmorona. Tal como a parábola de Jesus. Conviver bem é acima de tudo, respeitar o outro e, por vezes, praticar a empatia para com suas dores e sofrimentos. Sem isso, melhor seria nos isolássemos numa ilha deserta. Mas aí, morreríamos de tédio, ou de profunda tristeza.
Sonia Theodoro da Silva, filósofa e espírita.
(Publicado em The Journal of Psychological Studies, London, England)