Sonia Theodoro da Silva
http://filosofandocotidiano.blogspot.com
Há pouco ouvimos – e assistimos – às novas tentativas de se evitar o uso das drogas, das medidas tomadas pelos governos quanto aos guetos das drogas nas grandes cidades, bem como às tentativas de sua liberalização. Sabemos que este é um problema dos mais complexos, cuja gênese jaz no Espírito ainda imberbe de evolução, e que se apoia na precariedade dos usos e costumes em moda. A liberação das drogas, portanto, muito longe de resolver o problema, agiganta-o de forma tal, que as suas consequências seriam imprevisíveis, tanto sob o ponto de vista sócio-cultural, quanto – e principalmente, espiritual.
A ignorância de sua verdadeira natureza, de sua procedência e valores, as razões pelas quais aqui está e vive, a maneira pela qual a Vida é vista e sentida, a utilização valiosa do Tempo, a valorização da Natureza e o respeito pelo outro, são temas inesgotáveis e que valem uma vida inteira de reflexão e desenvolvimento.
Por outro lado, os meios de comunicação, ressalvadas as sempre notáveis exceções que trabalham infatigavelmente pela educação através da imagem, têm primado pela disseminação da mediocridade e da ausência de valores, que contaminam como pandemias, contagiando Espíritos imaturos, na busca inesgotável pela audiência. A mente dos criadores de programas nos quais “tudo me é permitido, portanto, tudo me convém”, estampa a enfermidade espiritual de que são portadores, equivalendo-se ao vil tráfico de drogas, como traficantes de almas sugestionadas pelo fácil contágio de que tudo é fashion.
Divulgar a Doutrina de Luz, sim, e muito no atual momento, porém, primar pela excelência da sua divulgação, sem pareceres ou opiniões menores que personalizam, deslustram e apagam o brilho dessa Doutrina que surgiu no alvorecer do Existencialismo precário, filho unigênito do Materialismo feroz.
Espiritismo não é autoajuda, egocentrada e limitada por natureza. Espiritismo é Educação do Espírito. E como tal, merece respeito e uma divulgação correta e sem mesclas deturpadoras e menores.
O momento atual é de Educação do Espírito – e o Espiritismo oferece todos os meios de que possamos dispor para sanar os mais graves problemas que enfrentamos.
Descriminalizar significa aceitar, consentir, aprovar, permitir; ao invés, desenvolvam-se meios de educar crianças, adolescentes e seus pais, adultos jovens, idosos, todos, para o bem viver, para o viver com dignidade, com as ferramentas de que o Estado dispõe.
O Espiritismo, por sua vez, trabalha pelo enobrecimento do Espírito e pode fornecer o seu mais valioso tesouro para tal cometimento: o Conhecimento. Conhecer a nossa origem de Espíritos imortais, em trânsito temporário pela Terra com atividades definidas, com bagagem de um passado que a História se encarrega de desvendar a todo instante, e cujo reajuste não podemos evitar; conhecer as razões pelas quais vivemos neste exato instante (acaso? Téophile Gautier poeticamente definiu o acaso como pseudônimo de Deus quanto Ele não quer assinar a sua obra), conhecer o que nos cabe fazer com o tempo que nos é dado. Conhecer profundamente a Doutrina de Luz, mensageira direta dos planos mais altos da Existência, portadora do sentimento mais Alto de que se tem notícia, e que foi amorosamente sentido e exposto a todos, pelo Guardião da Terra, Jesus.
Ao invés de descriminalizar, que desumaniza e brutaliza o ser humano (veja-se o caso recente de Amy Wynehouse e de muitos outros jovens artistas) que se atualize a Educação, que visa somente preparar para o exercício das profissões e para a realização pessoal, para os padrões da Educação do Espírito, que traz consigo, além do preparo para a vida comum, a força necessária para evitar-se a decadência de costumes e de hábitos.
Ao invés de descriminalizar, abrigar e educar o adicto, equipando-o com o instrumental necessário para que busque em si mesmo a força para continuar a viver com dignidade e amor a si próprio.
Repetimos: Espiritismo não é autoajuda. Espiritismo é Educação do Espírito. Espiritismo é uma Doutrina séria, reflexiva, conscientizadora, a última fase do Conhecimento que prepara o Ser para o advento de outro Tempo, outra Era, na qual herdaremos os frutos do Amor e da Sabedoria, que significa Inteligência para o Bem que cultivarmos agora.
Nota: Agradeço aos nossos alunos do Curso de Filosofia Espírita do PROJETO ESTUDOS FILOSÓFICOS ESPÍRITAS que nos inspiraram este artigo (veja a opinião deles no nosso site do Projeto: