Sonia Theodoro da Silva
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O prof. José Herculano Pires assim define as experiências do Espírito em processo de evolução: Toda experiência representa uma aquisição do Espírito, que passará a integrar as suas funções cognitivas em forma de categorias da intuição.
Enquanto não desaparecerem os resíduos do inconsciente, a experiência superada pode ser reativada pela imprudência e o abuso. (PIRES, J.H., Pesquisa sobre o amor, Ed. Paidéia, 1983). O lúcido seguidor de Kardec reconhece que erros e delitos perpetrados em vidas transatas poderão ressurgir na forma de comportamento obsessivo ou até agressivo, se não forem trabalhados sistemática e constantemente ao longo de toda uma existência, no sentido de desenvolver valores e virtudes latentes no Espírito. A sexualidade, prossegue ele, é uma forma de manifestação do amor.
No ser humano, porém, as manifestações do amor abrangem toda a sua estrutura vital, existencial e psicoafetiva. No plano vital, é sensação, trazendo expressões periféricas, deslocando-as para a paixão, que não é exaltação do amor, mas sim, da sensualidade. Os crimes de amor nada tem a ver com o Amor, são expressões desregradas do sentimento de posse, animadas pelo egoísmo. O ciúme, alimentado por essas expressões, acaba por animalizar o ser humano na torpe expressão de sua mais profunda baixeza.
A sexualidade, como manifestação de afeto, plenifica o ser humano, quando acompanhada do Amor. Ainda segundo Pires, sem esta, é mero impulso animal, aviltamento das funções genésicas, cuja finalidade última é a encarnação do Ser. Nos casais evoluídos o ato sexual não se reduz ao prazer sensorial. Este é apenas a chispa do fogo vital que desencadeia todo o processo da criação humana.(…) Só a mesquinhez do vulgo, do populacho incapaz de compreender a grandeza de um ato criador poderia ter feito disso motivo de escândalo, malícia e pecado.
Estamos vivendo o momento evolutivo do desregramento sensorial, ativado pelos movimentos mundiais pretensamente libertários da mulher. Esta, subjugada à violência do homem durante séculos, animada pelo sentimento de inferioridade trazida pelas religiões, deslocou-se para a outra ponta da corda. Não se reconhece como Ser que traz consigo a possibilidade divina de amar e gerar vidas, mas como aquela que deve disputar o mesmo patamar de excessos praticados pelo homem. Instrumento midiático para a venda de produtos masculinos, continua escrava de sua imagem, iludida pela exposição da propaganda.
Jesus, ao libertar a mulher adúltera, e à Madalena, reconheceu-lhes o imenso poder do Amor latente, porém desfocado e desequilibrado. A primeira, pode ter refeito seus caminhos. Madalena, a divina pecadora, encontrou-se a si mesma, amou a Humanidade a quem se dedicou pelo resto de seus dias, deixando uma eloquente mensagem de resgate pelo e para o Amor.
Homens e mulheres do século XXI, fomos criados para o desenvolvimento das divinas potências que jazem silenciosas dentro de nosso íntimo. Já é tempo de fazê-las florescer. Já é tempo de colocá-las acima do alqueire, como Jesus o fez.
Publicado em : The Journal of Psychological Studies, Londres, Inglaterra – Setembro e Outubro 2011.