Teorias psicológicas baseadas nos estudos de Freud afirmam que as causas do suicídio estão nos processos depressivos, derivados de estados emocionais de agressividade, medo, culpa, frustração, vingança. Teorias sociais buscam as causas do suicídio nas pressões sociais e culturais que recaem sobre o indivíduo.
Em 1897, Émile Durkheim, o fundador da sociologia, publica o livro O Suicídio, baseado em pesquisas realizadas na Europa, objetivando demonstrar que a causa do autoextermínio está no fator social e não no individual. Descreve três tipos de suicídio: o egoísta, em que o indivíduo busca a solidão; o anômico, originário das pressões sociais sobre o indivíduo e da crença de que “todos estão contra ele”; e o altruísta, leal a uma causa que merece o seu próprio aniquilamento.
O sociólogo Durkheim permanece atual, analise-se as suas próprias palavras: “(…) em casos de desastres econômicos, produz-se uma espécie de mudança de classe que lança bruscamente alguns indivíduos para uma situação de inferioridade à que ocupavam até então. (…)É necessário que reduzam as próprias exigências, que limitem as necessidades. (…) a perspectiva desta nova vida pode lhes parecer intolerável, daí os sofrimentos que os desligam de uma existência afigurada como inferior antes mesmo de ter sido experimentada. (…) Nada os satisfaz, portanto, e essa agitação se prolonga, sem conduzir a qualquer apaziguamento.”
No século atual, ainda perante os desafios sociais e as crises econômicas, buscam-se alternativas que nem sempre satisfazem as expectativas individuais. As viciações de toda sorte podem surgir como opções para acalmar as tensões, porém, constatadas a sua inutilidade, a única saída é fazer cessar o sofrimento de maneira imediata. Surge a ideia de aniquilamento pessoal, já que não existem perspectivas de melhoria a curto, médio ou até a longo prazo.
Há exemplos de países que soçobraram devido às guerras e violências de toda sorte e as consequências sociais daí advindas. Na contagem de perda de vidas dificilmente se tabulam estatísticas de suicídio, já que a perda de vidas por outras razões superam qualquer outra alternativa.
Contudo, apesar do quadro atual, demolidor de esperanças como querem alguns, ainda há algumas ações a tomar que possam mudar o panorama pessimista. Allan Kardec, em o livro A Gênese, oferece a oportunidade de visualizar-se a vida de ângulos diversos. Ao nos colocarmos no fundo de um vale, só podemos enxergar o que está à nossa volta; contudo, ao subirmos no alto de um monte, a nossa visão se amplia, e podemos enxergar muito mais.
Essa metáfora sugere visões de mundo mais abrangentes, com oportunidades ainda não exploradas e que possam trazer alívio imediato ao sofrimento.
Contudo, a fé ainda é o lenitivo que todos devem buscar, o apoio que deve sustentar qualquer iniciativa, a fé em si próprio (a), e a fé num Ser Superior que vela ininterruptamente por todos.
A fé ainda confere calma, tranquilidade interior, pois sem esse sustentáculo, inúteis serão os esforços para o resgate da paz, tão necessária para a continuidade da existência.
Jesus de Nazaré ofereceu a todos os caminhos para a Paz. Ser pleno, erroneamente classificado pelas igrejas como um mito religioso, a sua verdade é a autorrealização pessoal, a oferta de serenidade perante os desafios existenciais. Jamais superado, nunca igualado, aguarda que dele nos aproximemos. Segui-lo, portanto, confiantes em seus ensinamentos, esta é a grande e única alternativa de que dispomos para o alcance da tranquilidade interior, que abrirá as portas para um futuro melhor.
Sonia Theodoro da Silva, filósofa e espírita.
(Publicado em The Journal of Psychological Studies, London, England)