Corria o ano de 1878, o Brasil passava por uma grande transição política.
O regime imperial vivia seus últimos momentos em um período de crises.
O café era o carro chefe da economia essencialmente agrária e latifundiária, e embora a luta pela libertação dos escravos se intensificasse, os coronéis do café resistiam a abrirem mão do trabalho escravo.
O imperador delegou ao partido liberal a introdução do voto direto no País, mas, para votar seria preciso saber ler e escrever. Porém, no Brasil quase não havia escolas e mais de 80% das pessoas em idade de votar eram analfabetas.
É nessa conjuntura política, que num vilarejo no interior das Minas Gerais, com seus casarões dos barões do café e a igreja matriz construída por escravos, hoje um pequeno distrito conhecido como São José das Três Ilhas, que nasce, a 11 de março, uma alma de escol tendo como missão educar crianças e servir de ponte entre o mundo físico e o mundo espiritual, abrindo novas perspectivas de consolo, esperança e conhecimento para a humanidade, de modo a contribuir para a segmentação do roteiro de luz do Evangelho de Jesus: Zilda Gama.
Zilda Gama, filha de um escrivão de paz: Augusto Cristina da Gama e da professora estadual: Elisa Emílio Klörs.
Zilda teve 10 irmãos, e fez seus primeiros estudos com a própria mãe.
Seus pais e toda a família muda para São João Del Rei, onde mais tarde Zilda se matricula na Escola Normal e recebe o diploma de professora primária, indo exercer o magistério público em Além Paraíba, município do interior de Minas Gerais.
Aos 24 anos seus pais desencarnam em um espaço de cinco meses cada um. Zilda assume a direção da casa passando a cuidar de cinco irmãos menores, tendo uma vida bastante atribulada, e mais tarde quando falece sua irmã, assume os cinco sobrinhos criando-os como seus filhos.
Na carreira do magistério, foi professora e posteriormente diretora de escola. Em 1929, quando a Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, realizou um concurso sobre Aulas Modelo, Zilda obteve o primeiro lugar na classificação sendo inscrita na Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, onde concluiu o seu curso em dezembro daquele mesmo ano.
Bem antes disso, jovem ainda, Zilda sente a presença de Espíritos à sua volta, e recebe mensagens através da psicografia de seus pais, que a consolam e a animam a continuar. Em 1912, Zilda recebe mensagem assinada por Allan Kardec. Após essa manifestação, o Codificador propiciou-lhe outros ensinamentos, os quais se encontram no livro “Diário dos Invisíveis”, publicado em 1929 pela FEB.
No ano de 1916, Zilda atravessa grandes sofrimentos morais, quando os Benfeitores Espirituais informaram a Zilda que ela iria psicografar uma novela; deste então o Espírito Victor Hugo passou a escrever por seu intermédio. Foram vários livros através de sua mediunidade com esse Espírito: “Na Sombra e na Luz”; “Do Calvário ao Infinito”; “Redenção”; “Dor Suprema”; “Almas Crucificadas”; “Solar de Apolo”. Zilda Gama tornou-se, então, a pioneira no Brasil a receber tão vasta literatura do mundo espiritual.
Em 1920 sua irmã falece deixando cinco filhos pequenos, que Zilda com todas as dificuldades financeiras, assume, cria e educa.
Tanto sofrimento não a desanima e Zilda Gama, como uma mulher atuante no seu tempo, que era, e de visão ampla, atuava firmemente pelos direitos das mulheres; em 1931 participa do Congresso feminino, como autora da tese sobre o direito das mulheres ao voto, sendo que pouco tempo depois a tese é aprovada oficialmente.
Zilda Gama, que a essa época já havia mudado para o Rio de Janeiro, também se dedicou a escrever contos e poesias para vários jornais, a exemplo do “Jornal do Brasil”, a “Gazeta de Notícias” e a “Revista da Semana”, todos da antiga capital federal (Rio de Janeiro).
Em relação à Doutrina dos Espíritos, foram anos de dedicação à sua divulgação para consolar os corações atribulados, quando, no ano de 1959, sofre um derrame cerebral, e passa a viver em uma cadeira de rodas, vivendo assistida por um sobrinho que lhe fazia companhia.
Faltando dois meses para completar 91 anos, no verão de 1969, no dia 10 de janeiro, desencarnava Zilda Gama, na cidade do Rio de Janeiro.
Sem dúvida Zilda Gama representa um marco na história do Espiritismo no Brasil. É exemplo para todos os que pretendem fazer do mediunato um instrumento afinado à disposição da Equipe do Espírito da Verdade.
Redatora: Neide Fonseca
Bibliografia consultada:
Antônio de Souza Lucena; Paulo ALves Godoy, Personagens do Espiritismo. São Paulo: Ed. FEESP, 1982.
Sites consultados: www.oconsolador.com.br/linkfixo/biografias/zildagama.html