Sonia Theodoro da Silva
Os Espíritos Superiores que assessoraram Allan Kardec em seu magnífico trabalho de síntese propiciaram à humanidade todas as condições que poderiam levá-la à mudança de paradigmas.
Segundo a afirmação de Emmanuel, as revelações “evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento”, e desta forma vai ao encontro do pensamento do codificador, “as verdades morais constituem elementos essenciais do progresso”. Podemos deduzir assim, que o senso moral vai se desenvolvendo à medida que os indivíduos sentem necessidade de uma complementaridade aos conhecimentos desenvolvidos e adquiridos, gerando um processo magnífico de completude onde razão e coração se integram, coesos, numa mesma aspiração pessoal e coletiva: a felicidade.
Quando os Espíritos disseram que o Espiritismo seria “o Consolador prometido por Jesus”, imediatamente os corações imaturos deduziram que a esfera espiritual se comunicaria a cada momento tormentoso de suas vidas a dar respostas e soluções aos problemas afligentes e angustiosos.
Contudo, a filosofia espírita é bem clara e objetiva – o ser humano progride, e ao progredir, deve assumir responsabilidades; estas por sua vez, lhe garantem a segurança necessária para bem conduzir-se numa jornada segura e paz e tranquilidade interior, o que não significa que outras pessoas assim agirão, uma vez que convivemos num vasto oceano de diversidade cultural, moral, intelectual, religiosa e, finalmente, evolutiva.
Nunca foi tão necessário buscar consolo no Evangelho de Jesus, em suas palavras, atitudes, conselhos. A sua presença é a do amigo de todas as horas, a do crucificado que voltou da morte a dizer que ela é apenas uma percepção incompleta, precária e aparente. Jesus não ressuscitou, ele mostrou que a morte do corpo não destrói o Espírito imortal; Jesus não é Deus, é a plenitude da evolução a que pode chegar um Espírito em contínuo progresso.
As adversidades e atribulações que atravessamos atualmente fomentam a descrença, o dissabor, a divisão e a somatização de problemas os mais diversos, enclausurando a alma humana numa visão de mundo onde a esperança (de esperançar, de estimular às boas expectativas) não encontra espaço nas mentes fatigadas pelas tragédias do cotidiano e dos eventos mundiais.
Jesus e seus apóstolos viveram num mundo em transição, passagem das crenças mitológicas para a fé racional que se completaria dois mil anos depois, com a Filosofia Espírita. Daquela época para cá o ser humano obteve muitas conquistas, porém os desconcertos do Espírito que busca alimentar-se apenas de satisfações imediatistas impedem-no de olhar para o futuro de forma otimista e assertiva.
O Livro dos Espíritos, perg. no. 119, traz uma instrução de Paulo de Tarso: “para atingir a plenitude, três coisas são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas: a ignorância, o ódio e a injustiça.”
E completa: “… aquele que por um falso impulso da alma se afasta do objetivo da Criação, que consiste no culto harmonioso do belo e do bem idealizados pelo arquétipo humano, Jesus, é responsável (pela desorganização social).”
Este é o momento de mudança de paradigmas – para tanto, temos o impulso natural para o Bem que trazemos conosco; temos modelos auspiciosos que poderão ser implantados a partir dos espaços vazios gerados pela dor e pela perda. Os Espíritos que colaboraram na Codificação estão e estarão ao nosso lado para que realizemos em nós e junto a nós esse novo modelo de paz e prosperidade espiritual, modelando a nova civilização que tanto desejamos.
(Publ. The Journal of Psychological Studies, London, England)