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FLORENCE COOK

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Florence Cook e o Espírito Kate King

No ano de 1856, mais um Espírito reencarna em corpo de mulher para compor o grupo de abnegados que ficariam à disposição da ciência da época para as experiências de comprovação da existência do Espírito apos a morte do corpo físico. Estamos falando da médium Florence Cook, nascida a 03 de junho, na Inglaterra, na cidadezinha de Hackney.

De família humilde, desde a infância via e ouvia Espíritos, seus pais atribuíam isso a um excesso de imaginação e a sua fraca saúde. O tempo passa e a menina Florence, sem receio algum, continuava a se relacionar com os Espíritos, achando tudo aquilo muito normal, até que aos 14 anos de idade, começa a entrar em transe mediúnico na frente da família. A partir desse momento ela começa a desenvolver suas aptidões psíquicas. No início em sessões informais, como ela mesma narra em carta dirigida a Mr. Harrison em maio de 1872:

 “Tenho 16 anos de idade. Desde a minha infância vejo os Espíritos e ouço-os falar. Tinha o costume de sentar-me a sós e conversar com eles. Eles me cercavam e eu os tomava por pessoas vivas. Como ninguém os via nem ouvia, meus pais procuraram inculcar em mim a ideia de que tudo era produto de minha imaginação. Todavia não conseguiram modificar o meu modo de pensar a respeito do assunto e foi assim que passei a ser considerada como uma menina excêntrica. Na primavera de 1870 fui convidada a visitar uma amiga de colégio. Ela me perguntou se eu já ouvira falar de Espiritismo, acrescentado que seus pais e ela se reuniam em torno de uma mesa. Nessa situação obtinham certos movimentos; disse que, se eu consentisse, ainda naquela tarde ensaiariam uma experiência comigo”.

E assim foi feito, Cook participou de sua primeira sessão mediúnica, onde obteve a comunicação do Espírito de sua tia e ao ficar em pé ao lado da mesa, esta se ergue à altura de quatro pés.

Cook estranhava tudo aquilo ao mesmo tempo em que achava certa graça, assim mesmo foi à segunda sessão onde recebeu uma comunicação por tiptologia sendo logo depois erguida até o teto e transportada por sobre as cabeças dos que assistiam[1].

Diante do espanto de sua mãe, os Espíritos fazem uma revelação: aquilo era possível de acontecer porque Florence Cook era médium.

Florence é então orientada pelos Espíritos a frequentar uma Sociedade Espírita, situada à Rua Navarino (Navarino Street), 74. É nesse local que ela entra em contato com o sr. Thomas Blyton e já na sessão mediúnica, entra em transe e, por incorporação (psicofonia), um Espírito diz aos seus pais que, se contassem com o auxílio de Mr. Herne e Mr. Williams, poderiam obter comunicações coerentes e importantes.

Reuniram-se então por várias vezes e, finalmente, obtiveram os fenômenos prometidos. O Espírito que dirigiu a sessão dizia chamar-se Katie King.

Foi neste local que Katie King deu sua primeira comunicação por meio da mediunidade de Florence. A família Cook forma então o Círculo Hackney, composto pelos pais de Florence, suas duas irmãs e a serviçal Mary; aprofundam-se então as experiências mediúnicas de Florence. Inicialmente a mediunidade de escrita (psicografia) com a escrita realizada de trás para frente, obrigando a utilizar espelhos para a leitura (psicografia espelhada, como chamamos hoje). Depois vieram as materializações tão conhecidas dos estudiosos da Doutrina Espírita.

O Espírito Katie King materializou-se pela primeira vez a 22 de abril de 1872. Concordamos com Delanne[2], ao afirmar que “Os fenômenos de materialização constituem as mais altas e irrefragáveis demonstrações da imortalidade”.

Florence Cook foi a primeira médium entre os médiuns ingleses a obter materializações integrais em plena luz. E tantas foram as materializações maravilhosas a serviço da ciência investigativa acerca da imortalidade, que Florence e o Espírito Katie King, se destacam na história do Espiritismo, entre aqueles que prestaram serviços relevantes à Doutrina nascente, cooperando com o Cristo na implantação do Consolador por Ele prometido.

Porém, as coisas não foram fáceis, muitos dirigiam palavras cruéis à jovem Florence, que então se decidiu por procurar o professor em Química Mr. William Crookes, que a considerava uma impostora, e colocar-se à disposição para ter sua mediunidade investigada, dizendo-lhe: “se verificardes que sou agente de uma mistificação, denunciai-me publicamente; mas se vos certificardes de que os fenômenos são reais e de que eu mais não sou que o instrumento de forças invisíveis, isso direis ao público de modo que todo o mundo tome conhecimento da verdade”[3].

William Crookes aceitou o desafio, e belas materializações foram feitas junto ao Espírito Katie King. Porém, como teve posteriormente de cumprir o prometido, quase perdeu sua posição como membro integrante da Royal Society, e não mais se envolveu em pesquisas espíritas.

Devido à mediunidade, Florence teve muitos altos e baixos em sua vida. Chegou a ser demitida pela diretora de uma escola, logo que os fenômenos começaram a ocorrer, mas também encontrou apoio financeiro de uma pessoa chamada Charles Blackburn, muito rico, que impôs a condição de que ela fizesse experimentações públicas.

Florence casou-se em 1874 com o sr. Elgie Corner e foi viver no País de Gales, em Usk onde teve vários filhos.

O Espírito Katie King deixou de materializar-se em 1898, em uma solene despedida de todos, emocionando muito a Florence Cook, que em 1904, com o falecimento de seu pai, encerra também sua tarefa no campo mediúnico.

Foram anos de dedicação e trabalho em prol da afirmação da sobrevivência da alma. Seus anos de mocidade foram passados em experiências de laboratório. Os espíritas de todos os tempos devem muito a essa médium de escol, das primeiras horas da implantação do Consolador.

Bibliografia consultada

William Crookes – Fatos Espíritas, Editora FEB

Gabriel Delanne – A Alma Imortal – Editora FEB

Wallace Leal V. Rodrigues – Katie King, em:  www.autoresespiritasclassicos.com


[1]Observe que 11 anos após o lançamento do “O Livro dos Médiuns” ainda as mesas girantes com as ‘batidas’ não haviam cessado, ou seja, embora a psicografia, já tão bem explicada por Kardec, ainda era marcante o método da tiptologia.

[2] Gabriel Delanne  – A Alma é imortal – Ed. FEB.

[3] O relatório de Crookes, publicado em 1874, afirmava que Florence Cook, bem como os médiums Kate Fox e Daniel Dunglas Home, produziam genuínos fenômenos espirituais. A publicação deste causou grande alvoroço, e o seu testemunho sobre Katie King foi considerado o ponto mais polêmico no relatório. Crookes quase perdeu a sua posição de membro da Royal Society, não mais se envolvendo em investigações espíritas.

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