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A Filosofia Espírita e o Renascimento do Natal

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Sonia Theodoro da Silva

Se observarmos atentamente veremos que o Natal está mudando. Como? – diriam alguns, já que as lojas e o comércio em geral já iniciaram os seus apelos desde novembro! E ao final daquele mês as propagandas televisivas igualmente lembravam os seus consumidores da necessidade das compras de fim de ano. Sim, concordamos, pouco tem sido feito para que se mude o tom apelativo e consumista do Natal.

Porém, atentemos para os enfeites, as decorações, as lojas, as ruas, o comércio, os bancos. A cidade se embeleza. De dia, as cores fortes lembram, através do verde, as matas e florestas; através do vermelho, o sol, a vida vibrante (cultura advinda do hemisfério norte, já que a neve recobre a natureza com sua neutralidade branca e gelada). À noite, as luzes emocionam, falam de alegria, de abraços, de festa.

Os pensadores do Período Moderno da filosofia já destacavam a importância dos estímulos externos para que o Ser se projetasse na linha da existência com novas concepções de mundo e para o entendimento acerca do complexo problema do existir. Naquele tempo (séculos XV e XVI), aconteceu um dos maiores movimentos de revalorização do homem e da natureza: o Renascimento. Inspirado no Humanismo, movimento de intelectuais que defendiam o estudo da cultura greco-romana e o retorno a seus ideais de exaltação do homem e de seus atributos como a razão e a liberdade, o Renascimento propiciou uma maior disposição para se investigar os problemas do mundo (Cotrim, 2006), os homens aguçaram seu espírito de observação sobre a natureza, dedicando maior tempo às pesquisas e às experimentações. O ser humano tornava-se livre das amarras da escolástica e da patrística, com mente aberta ao livre exame do mundo e do próprio homem.

As artes em geral, a literatura, sofreram uma lufada de renovação. O homem, livre para pensar, pode alçar vôo e ir ao encontro da Estética, do Belo, tornando-se sensível às questões filosóficas e abrindo-se à compreensão da Vida como um todo. A Ciência pode, enfim, desenvolver-se. Porém, a Religião estagnou, fechando-se, em seu embotamento autista.

A Filosofia Espírita traz de volta o espírito do Renascimento; não apenas como movimento cultural, mas como o vero sentido e conceito da palavra renascer. Magnífico presente das esferas luminosas da existência para todos nós.

E o que estamos vendo hoje é esse espírito que se espalha: a necessidade do Belo, que leva à importância de preservar e cuidar da Natureza, de olhar o outro com olhos de esperança e de bondade.

Sim, este Natal é diferente. Os abraços não serão apenas fruto da obrigatoriedade social, mas do sentimento de compartilhamento, do afeto real, e da importância de estarmos juntos.

O mesmo espírito de Natal que Jesus trouxe com sua magna Presença, muito embora ainda estejamos distantes de compreendê-lO e amá-lO tanto quanto Ele tem nos compreendido e amado.

Deixemos que esse espírito nos envolva. Façamos como Ele, aprendamos com Ele, vivamos como Ele nos ensinou a viver. E o Natal estará presente em todos os dias do ano.

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