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A Pedagogia da Educação de Uma Nova Geração

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No livro Obras Póstumas, coletânea de artigos escritos por Allan Kardec, há um capítulo bem elucidativo, As Aristocracias. Kardec toma como figura de linguagem o modelo político vigente em seu tempo, constituído pelas monarquias, cuja governança cabia às famílias aristocráticas europeias, bem como na Rússia e algumas colônias das Américas e Oriente. Seus laços familiares eram fortes e se estendiam por gerações.

O tempo passou e as monarquias foram sendo substituídas por outras formas de governo, quase em sua totalidade, permanecendo hoje apenas algumas como tradição.

Mas a “aristocracia” (do grego “aristos”, o melhor e “kratos”, poder, em sua acepção literal, o poder dos melhores), no sentido stricto-senso utilizado por Allan Kardec, significava sucessão de gerações compostas a partir de determinadas características de sociedade, onde as religiões tinham papel preponderante na estruturação das tribos e posteriormente nas chamadas pólis. Seus representantes, eram eleitos a partir da autoridade moral e política que exerciam sobre os demais. Allan Kardec considera ainda que a inteligência e a moral também vão compondo essas aristocracias, culminando com a intelecto-moral, resultante do advento do reinado do bem na Terra.

Contudo, o progresso que cumpre à humanidade realizar, e que está descrito na questão 793 de O Livro dos Espíritos, descreve uma sociedade onde não haja prevalência da força bruta sobre o mais fraco, onde exista menos egoísmo, cupidez e orgulho, portanto, harmonia nas relações humanas.

Estamos em pleno processo educacional. As sociedades que criamos ao longo dos séculos ainda estão em profundo processo de reajuste. A desvalia do outro está em pleno andamento, mesmo que esse “outro” possa ser um ser humano, um animal, uma árvore, o próprio ar que respiramos.

Como consequência, uma geração carente de valores espirituais e virtudes ético-morais.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo temos os passos para alcançarmos um plano consciencial de plenitude: o Homem de Bem.

As boas escolas pedagógicas humanas caminharam e caminham em direção a esse ensinamento, que nada mais é que a realização do ser humano idealizado por Jesus de Nazaré. Paradigma a ser alcançado, desmistificado e desmitificado pelo Espiritismo, trazido de volta à nossa convivência e despojado da mitologia teológica das igrejas, ele traçou com a sua pedagogia do Amor, o roteiro que se inicia com o Perdão. A partir daí, as portas para a auto realização se abrem, e o ser pode aspirar à felicidade de saber-se imortal, com qualidades intrínsecas a serem desenvolvidas a partir do momento em que ele toma consciência de sua verdadeira natureza e passa a mudar a sua história, repleta de causas irresponsáveis e efeitos dolorosos, numa sucessão de eventos que geram reencarnações de reajustes intermináveis, para uma tomada de consciência e a reformulação de sua identidade frente aos desafios que a vida lhe apresenta.

Ainda temos um longo caminho a percorrer. O ser humano, ausente de empatia pelo seu semelhante, desrespeitoso frente à Natureza que lhe coube preservar, pois dela depende para a própria sobrevivência no planeta, prossegue guerreando a si mesmo e ao próximo, criando instrumentos bélicos de extermínio de massa, ausente de compaixão, enfermo de sentimentos e insulado em seu profundo egoísmo, continua assistindo às dores alheias, imerso em constrangedora apatia. Mero espectador, despreza os menos favorecidos, os pobres e as vítimas do ódio e da guerra.

A vida, em seu natural processo pedagógico, certamente exigirá de todos o reajustamento necessário para que a harmonia se restabeleça e o progresso se faça de forma saudável.

Sonia Theodoro da Silva, filósofa.

(Publicado em The Journal of Psychological Studies, London, England)

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