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BRUMADINHO: UMA REFLEXÃO ESPÍRITA

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(Texto apresentado no programa FILOSOFANDO de 06/02/2019)

No dia 25 de janeiro de 2019, a barragem de detritos de minérios criada e administrada e sob a responsabilidade de uma empresa mineradora brasileira, a Vale do Rio Doce, na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, rompeu.

E foi tão rápido, tão violento que não houve sequer condições para que mais de 500 pessoas que estavam trabalhando, almoçando ou em seu lazer numa das pousadas localizadas ali perto ou até passando pela região, sequer pudessem compreender prontamente o que estava acontecendo, e muito menos fugir a tempo de salvar as suas vidas.

Os técnicos que possuem expertise em gerenciamento de risco são unânimes em afirmar que a empresa assumiu todos os riscos a partir do instante em que não fiscalizou o que tinha que fiscalizar, quando e da forma profissional que tal problema exigia.

Os vídeos que mostram agora o alto poder de destruição da barragem rompida, a quantidade de dejetos que envolveram acres e acres de terra cultivadas, matas, florestas, arrastando consigo animais, casas, carros, caminhões, trens, e principalmente vidas humanas numa violência jamais imaginada por quem quer que pudesse pensar na possibilidade desse desastre acontecer.

Todos supomos que empresas desse porte tem gerenciamento de risco atualizado, com profissionais competentes e fiscalizadores de possíveis danos que possam ocorrer.

Mas a experiência tem demonstrado o contrário. A mesma empresa foi a responsável pelo genocídio de vidas humanas e animais, pelos danos irrecuperáveis à natureza na região de Mariana, também em Minas Gerais e agora em Brumadinho.

O prejuízo financeiro que essa empresa está tendo no Brasil e no exterior é muito pouco, comparável ao crime cometido por ela. As autoridades do país, o poder judiciário tem que ser rigorosos e severos na punição e no ressarcimento pelos danos às famílias enlutadas, muito embora nenhuma indenização tenha o poder de apagar a dor lancinante dessas famílias.

Notável e comovente o trabalho dos bombeiros, que diuturnamente buscam os corpos ou os restos mortais das centenas de pessoas presas na lama. Extraordinário ainda o trabalho dos profissionais da Polícia Civil, a Defesa Civil, a Polícia Militar e das Forças Armadas, bem como dos militares israelenses.

Os grupos de voluntários, as ONGs que cuidam dos animais resgatados, todos formaram uma força humana ao mesmo tempo profissional, solidária, humanitária.

E nós, que estamos distantes fisicamente desse drama, mas não estamos distantes com a nossa solidariedade e sentimento de profundo pesar e respeito a todos os envolvidos, permanecemos em preces, eu pessoalmente bem como o CEFE-Centro de ESTUDOS Filosóficos Espíritas.

Tal evento chocou a sensibilidade de todos, tanto no Brasil quanto no exterior e por outro lado, muitos questionam o porquê desse drama, sob o ponto de vista espírita.

O que fizeram essas pessoas para merecerem esse gênero de morte? E os que foram lesados em seus bens, e os animais envolvidos?

Nenhuma tentativa de explicação poderá desvendar as razões pelas quais aquelas pessoas estavam ali naquele instante.

Além disso, seria desumano por parte de quem quer que fosse, localizar essas pessoas em qualquer evento nefasto da história para tentar justificar o injustificável.

Jamais poderemos mensurar o comprometimento individual ou coletivo de qualquer pessoa, de qualquer Espírito diante dos próprios compromissos com as Leis Divinas.

Temos visto pela internet pessoas do movimento espírita procurando explicar as causas que motivaram os efeitos dolorosos para a vida dessas pessoas.

O Espiritismo, a Filosofia Espírita é clara e objetiva. Somos responsáveis pelos próprios atos e ações e pensamentos, DESDE QUE tenhamos perfeita noção das consequências desses atos, ações e pensamentos.

A culpa permanece na consciência daquele que agiu sabendo que agia erradamente contra si e contra o seu semelhante. A consciência culpada, quando cai em si, seja nesta existência ou nas dimensões espirituais, busca ressarcimento através de compromissos para com a comunidade ou comunidades de pessoas com as quais se envolveu ou outras pessoas que necessitem de seu trabalho, dedicação, de sua vida, enfim.

Essa noção das consequências dos próprios atos e ações, começa a partir da vinda de Jesus entre nós. Anterior a ele, as comunidades e seus chefes e líderes guerreavam entre si na busca de terras, fortunas e poder.

Na época não havia conceitos de moral, que elevasse o ser humano ao respeito pela vida alheia.

Os impérios da antiguidade transitaram ao longo de centenas de anos nessa situação. Mas nem assim deixaram de construir e fazer progredir as populações a elas submetidas. Exemplo, o império Romano, mas também a Magna Grécia, o império persa, o império babilônico e assírio.

Com o advento da presença de Jesus de Nazaré no planeta, o ódio e a sede de poder brutal vai cedendo aos poucos, à medida em que o indivíduo toma ciência e se conscientiza da necessidade do bem estar comum, que transita através do perdão, da compreensão, do respeito e da empatia ao seu semelhante, e à natureza que o cerca.

Portanto, essa conscientização é muito recente. Jamais poderemos culpabilizar civilizações da Antiguidade por atos e ações que elas acreditavam firmemente serem verdadeiras, pois seria o mesmo que culpar um indígena antropófago por alimentar-se de carne humana.

Exemplo disso, as civilizações asteca e maia, sacrificavam pessoas aprisionadas nas guerras tribais, e se alimentavam de suas carnes e bebiam seus sangue. O significado era que estavam prestando homenagem ao guerreiro morto e tomando seu sangue, tido como a seiva da vida entre os antigos.

Isso não era sinônimo de barbárie. Todos estavam transitando num horizonte consciencial semi primitivo, portanto.

Após Jesus de Nazaré, com a difusão do Cristianismo pelos seus apóstolos, por Paulo de Tarso e seus seguidores, os indivíduos foram mudando aos poucos e harmonizando-se entre si.

Joanna de Ângelis tem uma bela passagem reflexiva numa de suas mensagens onde prioriza as diferenças entre as sociedades de antes e de depois da vinda do Cristo.

Portanto, são apenas 2019 anos de civilização cristã.

Contudo, nesse trajeto milenar, o ser humano não aderiu plenamente aos ensinamentos do Mestre, que, por acréscimo de misericórdia em seu infinito amor à humanidade, prometeu enviar o Consolador para que pudéssemos, almas comprometidas que somos, tomar consciência da mudança definitiva de nossas atitudes, pensamentos e ações.

A Filosofia Espírita abre perspectivas de entendimento e consolo; compreensão e aceitação de nossas dores e aflições. Sabemos que existem causas para o sofrimento humano, mas saber exatamente quem, como, quando, detalhes, a ninguém é dado esse poder de desvendar, já que as Leis Divinas nos conferiram a dádiva do esquecimento das vidas passadas no processo das reencarnações sucessivas.

E muito menos de divulgar publicamente, pois , conforme eu disse antes, seria de uma crueldade extrema detalhar débitos que não são nossos, e portanto, merecem toda a nossa discrição e respeito.

Mesmo nas Terapias de Vidas Passadas, quando realizadas por profissionais sérios e éticos, a identidade pregressa das pessoas permanece discretamente ocultada pela ética profissional.

Divulgar publicamente ou especular sobre as vidas alheias seria, conforme o filósofo Immanuel Kant afirma, emitir um juízo de valor extemporâneo e eu diria, irresponsável.

Se os próprios repórteres e jornalistas afirmaram que suas experiências em Brumadinho foram as mais dilacerantes de suas vidas, como nos omitir friamente afirmando isto ou aquilo acerca da vida de pessoas que nem sequer nos foi dado conhecer??

Precisamos entender que ainda vivemos num mundo de provas e expiações que também agem como propulsoras à evolução espiritual humana.

Portanto, jamais saberemos se o drama ocorrido em Brumadinho, ou em Mariana, ou em Santa Maria, ou qualquer outro drama ocasionado pelo homem, ou pela omissão humana, seria uma prova solicitada pelas pessoas vitimadas e seus familiares, ou o cumprimento de um resgate compulsório.

Aqui está a diferença !!

Em todos esses eventos, a misericórdia divina certamente se fez presente através de missionários socorristas da Espiritualidade, que assim como os há na vida na Terra, os socorristas do mundo espiritual sabem como agir com as pessoas vitimadas.

E certamente estão apoiando, inspirando, ajudando mesmo os socorristas reencarnados.

É de uma imaturidade espiritual imensa além do desconhecimento da história da humanidade e de como a nossa evolução espiritual se processa, atribuir à uma pretensa Lei de Talião a responsabilidade que cabe a nós ressarcir com conhecimento e fé na Leis de Deus.

Por outro lado, diante da omissão ou da falta de respeito à vida e à natureza por parte de grupos humanos que ainda transitam numa atmosfera psíquica primitiva, porque amante do poder e do lucro em detrimento da Vida em suas infinitas manifestações, desta vez, consciente de seus atos e atitudes, perguntamos :

De que forma estes “pagarão” os seus débitos? Não sabemos. Não nos cabe “adivinhar” quando nem como estes últimos vão ressarcir os seus débitos criados – ou recriados – para com as comunidades que prejudicaram.

Quando os Espíritos se referem à Lei de Talião – olho por olho, dente por dente – e que alguns intérpretes espíritas chamam erroneamente de Ação e Reação, já que A e R é uma lei física e não moral – os Espíritos usam como exemplo apenas, e não como forma compulsória no geral para o processo evolutivo humano.

As grandes tragédias provocadas pelos indivíduos humanos, como as guerras, e a consequente destruição que provocam, o êxodo de populações inteiras, certamente chamam para si resgates compulsórios, porém, jamais saberemos onde, como, com quem exatamente isso se dará.

A questão 10 do Livro dos Espíritos diz que “falta um sentido” a todos nós para que compreendamos todo o processo da criação de Deus, e Ele próprio.

Na questão 3, os Espíritos afirmam que não podemos entender coisas que estão além da nossa inteligência.

Portanto, humildemente devemos reconhecer, como diria Shakespeare, que há mais coisas além do céu e da Terra do que sonham as nossas vãs filosofias.

Quanto às vítimas de Brumadinho, recebam o nosso carinho e afeto, o nosso respeito e admiração pela prova pela qual passaram.

Estejam certos de que suas famílias estão amparadas, meus irmãos, confiem em Deus e nos Benfeitores Espirituais que cercam a todos.

Para vocês que voltaram para casa, o nosso verdadeiro lar, e a todos, o nosso amor fraternal, e a mensagem do Espírito Emmanuel :

(Sonia Theodoro da Silva – filósofa e espírita)

TUDO PASSA

Todas as coisas, na Terra, passam…

Os dias de dificuldades, passarão…

Passarão também os dias de amargura e solidão…

As dores e as lágrimas passarão.

As frustrações que nos fazem chorar… um dia passarão.

A saudade do ser querido que está longe, passará.

Dias de tristeza… Dias de felicidade…

São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal

as experiências acumuladas.

Se hoje, para nós, é um desses dias repletos de amargura, paremos um instante.

Elevemos o pensamento ao Alto, e busquemos a voz suave

da Mãe amorosa a nos dizer carinhosamente: isso também passará…

E guardemos a certeza, pelas próprias dificuldades

já superadas, que não há mal que dure para sempre.

O planeta Terra, semelhante a enorme embarcação, às vezes parece que vai soçobrar

diante das turbulências de gigantescas ondas.

Mas isso também passará, porque Jesus está no leme dessa Nau, e segue com o olhar sereno

de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da humanidade,

e que um dia também passará…

Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro, porque essa é a sua destinação.

Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos, sem esmorecimento,

e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo…

também passarão…

Tudo passa……….exceto DEUS!

Deus é o suficiente!

Chico Xavier – Emmanuel

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