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Caminhos para a Paz – Parte I

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Sonia Theodoro da Silva 

A década de 90 será conhecida, no futuro, como a década onde o homem buscou respostas mais efetivas para a realização da Paz, inobstante as guerras, a fome, as doenças, a violência, as drogas, o sexo desvairado, a desigualdade.

Em Londres, reuniram-se, sob os auspícios da Art of Peace Foundation, entidade sediada em Amsterdã, Holanda, personalidades como David Bohm, Rupert Sheldrake, Dalai Lama, Francisco Varela, Madre Tessa Bielecki, Pinheiro Neto, Jacques Van der Heyden, Sogyal Risapoche, dentre outros. O Simpósio Internacional A Arte encontra a Ciência e a Espiritualidade numa Economia em Mutação, reuniu mais de 500 empresários, artistas, representantes de doutrinas espiritualistas e entidades ligadas à defesa dos recursos naturais e dos direitos humanos. Temas como A Nova Consciência e a Globalidade, Crise de Percepção e Natureza e Homem-Estreita Ligação, foram discutidos entre os convidados, com a mediação de um membro da Fundação e a participação da platéia.

A arte, como linguagem universal, alcança os mais distantes recantos do mundo. Expressa-se por si só, sem necessidade de intérprete. Avança com sua comunicação discreta ou contundente, mostrando o Belo e o Bom; mas também mostra os erros e os enganos humanos, evidenciando o seu lado omisso ao sofrimento, à perda, à fome, à miséria consentida. Igualmente fala de espírito a espírito e, o que para nós hoje faz parte de nossa época e cultura, amanhã mostrará às gerações futuras como o homem entendia e vivia o seu mundo. A Arte também participa e registra os momentos culturais e evolutivos da civilização – herança futura a lançar a indagação: Quem foi este povo? Como eram os seus hábitos? Como ele vivia? Por que desapareceu?

Segundo Vianna de Carvalho, durante um período civilizatório, há a predominância do desenvolvimento artístico, em outro, o crescimento cultural, noutra fase, a valorização moral, posteriormente, o aprimoramento tecnológico.

Vivemos o século da tecnologia, não obstante as outras fases ainda conviverem entre si e simultaneamente. A Arte aprimora o senso estético e encaminha o ser humano à Ética, ponto primacial das relações humanas. Allan Kardec, examinando a grandeza da mensagem da Arte para a Humanidade, referiu-se à futura manifestação da cultura artística promovida pelo Espiritismo, um misto de estética-ética, demonstrando as luzes que habitam, embora obscurecidas ainda, no imo do ser. Como sói acontecer nestes momentos de aflição em que o homem ainda se digladia com o próprio egoísmo, as expressões puramente espirituais são confundidas e obstaculadas pelas manifestações grotescas do seu lado ainda primitivo, invadindo os meios de comunicação, tentando penetrar em nossos lares, e deseducando nossos filhos.

No entanto, é ainda Vianna de Carvalho quem revela que, neste crepúsculo de milênio e quase amanhecer de uma Nova Era, já se encontram em processos de renascimento orgânico os Missionários da beleza, qual tem sucedido em todos os períodos passados, trazendo programas de rara sensibilidade e emoção, promovendo as variadas expressões da Cultura, da Ciência e da Arte.

No conceito globalidade, elaborado no Seminário, busca-se um entendimento em termos de Arte e Cultura, no qual a primeira agiria como pedra de toque das relações humanas, algo como um ponto de ligação entre os povos e as diversas manifestações culturais, ensejando união de pensamentos e propósitos, gerando uma nova proposta de consciência. Chega-se quase a formular conceitos de fraternidade e igualdade, palavras ainda associadas ao dogmatismo religioso e filosófico.

Por outro lado, vivenciamos, no campo das Artes, uma crise de percepção. O homem expressa aquilo que vê, portanto o que sente, e nem sempre o que sente expressa a realidade. Esta tangencia a sua própria estrutura psicológica, vindo ou não ao encontro de seus anseios. A realidade, por ela mesma, dá-se a conhecer a partir do momento em que o homem, despido de sua persona, abre os canais de ligação com o Todo, e une-se a Ele, em Espírito e Verdade. Daí a frase de Jesus: Eu e o Pai somos um.

Platão expressa este encontro, do homem com a realidade, no Mito da Caverna, em sua República. Ligados aos períodos remanescentes de seu desenvolvimento, o ser humano, preso aos arcabouços de conceitos e preconceitos formulados em milênios de História, luta por desprender-se de seus atavismos, na expectativa de alçar vôo, em busca da sua liberdade de expressão. Transição significa transformação. E é transformando-se, que o homem alcançará esta nova Visão de Futuro, ainda uma incógnita para os seus olhos e sentimentos aflitos, feridos pelo sofrimento da hora que passa. (continua)

Bibliografia: Art meets Science and Spirituality in a changing Economy – International Symposium; Atualidade do Pensamento Espírita (Vianna de Carvalho/ Divaldo P.Franco).

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