Em 2018 lembramos 100 anos de desencarne de Eurípedes Barsanulfo, o grande educador espírita. Eurípedes Barsanulfo nasceu na cidade de Sacramento, em Minas Gerais e faleceu em 1 de maio de 1880 — Sacramento, 1 de novembro de 1918) foi um educador, político, jornalista, e médium brasileiro, um dos expoentes do Espiritismo no país.
Ganhou notoriedade principalmente por sua atividade na educação brasileira e em tratamentos espirituais que ministrava.
Fundou o primeiro colégio espírita do país, o Colégio Allan Kardec, que disponibilizou educação gratuita para milhares de pobres e órfãos.
Barsanulfo era autodidata em diversas disciplinas.
Certa vez, preparando-se para cursar Medicina no Rio de Janeiro, desistiu de seu projeto para atender a mãe, vítima de constantes crises epiléticas.
Em 1902 fundou, com seus antigos professores o Liceu de Sacramento, onde passou a lecionar. Alguns alunos do Liceu, mais tarde, fundaram um serviço de assistência aos necessitados, denominado Sociedade dos Amiguinhos dos Pobres. Na mesma época, Eurípedes participou da fundação do jornal semanal Gazeta de Sacramento, em que publicava artigos sobre economia, literatura, filosofia, estreando, assim, como jornalista.
Tornou-se líder em sua cidade por seu trabalho no magistério e na imprensa. Sua popularidade o fez eleger-se vereador, em cujo mandato, durante seis anos, beneficiou a população de sua cidade com instalação de postes de luz nas ruas, e bondes elétricos, água encanada e cemitério público.
Acabou renunciando ao cargo, por não concordar com mudanças de leis que beneficiariam somente os que estavam no poder. Nessa ocasião, Barsanulfo, ainda católico, era presidente da Conferência de São Vicente de Paulo, instituição sob a orientação da Igreja.
O seu primeiro contato com a Doutrina Espírita ocorreu em 1903, por intermédio do seu tio, espírita, que, além de explicar-lhe os pontos básicos da doutrina, emprestou-lhe o livro Depois da Morte, de Léon Denis.
Foi nesse momento que Barsanulfo despertou, tal como ocorrera com Bezerra de Menezes ao ler O Livro Dos Espíritos, para a verdade contida na Filosofia Espírita, transformando sua vida em definitivo.
Em 1905 funda o Grupo Espírita Esperança e Caridade, onde realizava reuniões mediúnicas e doutrinárias, onde também desenvolveu atividades voltadas para o assistencialismo social.
Como médium, exercia atividades por inspiração, vidência, audiência, psicofonia, psicografia, e também efeitos físicos.
Também psicografava prescrições médicas por parte do Espírito Bezerra de Menezes.
Em 31 de janeiro de 1907 fundou a primeira escola brasileira com orientação espírita, Colégio a que deu o nome de Allan Kardec.
No currículo escolar constavam estudos sobre o Evangelho Seg. o Espiritismo, e Moral Cristã, e Barsanulfo ministrava pessoalmente aulas de Matemática, Geometria, Aritmética, Trigonometria, Ciências naturais, Botânica, Zoologia, Geologia e Paleontologia, Português, Francês, Astronomia, Inglês, Castelhano e Filosofia.
Barsanulfo foi perseguido por parte do clero católico e pela comunidade médica que, por influência da Igreja, abriram processos judiciais contra ele, principalmente em Uberaba, acusando-o de exercício ilegal da Medicina, em 1917, mas que acabou arquivado pelo juiz da comarca.
Eurípedes Barsanulfo destacou-se na Educação. O Governo da época estava empenhado em fazer progredir a Educação, e os métodos utilizados por ele estavam não somente à altura dos objetivos governamentais, mas muito além das expectativas de sua época, fato é que serviu de modelo para outros centros educacionais no Brasil.
Barsanulfo enfrentou as dificuldades inerentes à sua época, porém soube se desincumbir de trabalhos verdadeiramente empreendedores, a benefício de Sacramento e outras cidades de Minhas Gerais.
As farmácias abertas por ele, com ênfase na homeopatia e privilegiando os mais pobres, o Colégio Allan Kardec e o Grupo Espírita Esperança e Caridade foram apenas algumas das obras desse educador posteriormente chamado “O Apóstolo do Triângulo Mineiro”.
Morreu jovem, aos 38 anos, vítima da gripe espanhola que grassou no Brasil e no mundo à época, ceifando a vida de milhões de vítimas em derredor do planeta.
Mesmo acometido da moléstia, Eurípedes Barsanulfo não cessou de atender aos necessitados.
Recomendo o livro “Eurípedes, o homem e a missão” de Corina Novelino.
Sonia Theodoro da Silva, filósofa e espírita.