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Falemos das Trevas… Ou da Luz?

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Sonia Theodoro da Silva

Estamos atravessando um período de transição… os prognósticos de Jesus ora se cumprem… as previsões alarmistas de João preconizam o final dos tempos. O 11 de setembro passou a ser um marco desse processo… as religiões ora se debatem em disputas inglórias pela posse de fiéis… a filosofia dedica-se às discussões estéreis focadas tão somente para as ações políticas… a ciência luta pela primazia de seus postulados… a globalização já faz suas vítimas…

Por outro lado, a poluição, o efeito estufa, o desmatamento predatório, a matança contumaz de animais, o retorno de enfermidades consideradas extintas, o ser humano que se debate entre as drogas e a prostituição, continentes inteiros à beira da morte e à mercê das doenças sexualmente transmissíveis e da fome, as guerras, o genocídio, a aflição, a violência de qualquer nível, a mediocridade dos programas de “lazer” impostos pela mídia, o egoísmo, o ódio, a inveja, a intolerância….

Poderíamos prosseguir neste “staccato”, e nada acrescentaríamos aos fatos já existentes e constatados neste plano de provas e expiações. O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo V, item 20, contém comentários do Cardeal Morlot acerca da máxima do Eclesiastes, “a felicidade não é deste mundo”. Lá, a ênfase dada pelo autor diz respeito à busca de condições consideradas pelo ser humano ainda não espiritualizado, como essenciais à sua felicidade, quais sejam, a juventude, a riqueza e o poder.

E tal tem sido a nossa meta, consciente ou inconscientemente. Ao refletirmos, contudo, nesses comentários, fácil se torna descobrir a causa, ou as causas do sofrimento incessante sobre a Terra e concluir que nada do que é transitório, temporário, poderia trazer felicidade ao Espírito que é eterno, portanto, carente de valores igualmente eternos que o alimentem e sustentem.

Trata-se da sublime equivalência ensinada por Jesus, quando revelou-nos ser, em linguagem analógica divina, o Caminho, a Verdade e a Vida, pois somente através dele, que superou a transitoriedade de forma tão contundente e dolorosa, poderíamos alcançar a verdadeira paz de espírito ativa na constante ação no Bem.

Torna-se, então, contraproducente enfatizarmos a ação das trevas ainda existentes no planeta e no nosso cotidiano, numa atitude constante, sistemática, prevalente e marqueteira, como a querermos gravar no inconsciente coletivo apenas as nossas mazelas e contradições. Tal já fizeram as religiões, ao criarem as zonas infernais. E, com isso, deram vida à passividade, à conformação, à ignorância, ao medo e à omissão…

Façamos o inverso. Alertemos quanto à necessidade do conhecimento; falemos sobre o Bem que já se instala nos corações humanos; do amor ao próximo tão exemplarmente vivido por todos aqueles que dedicam suas vidas à Ciência humanitária, à Filosofia humanista, à Religiosidade que se expressa na comunhão entre Criador e criatura, através do respeito da segunda à Natureza, à Criação, numa dialética divina e eterna.

Falemos dos médicos e enfermeiras que trabalham diuturnamente nos hospitais de periferia, doando de seus minguados salários o dinheiro necessário à reposição de material faltante, quando não à ajuda aos pobres que os procuram; falemos dos paramédicos que atendem, madrugada afora, à imprevidência e ao descuido nas estradas e nas ruas das grandes metrópoles; falemos dos operários e das mulheres que sustentam seus lares e famílias; dos que cuidam dos órfãos e dos velhos; dos que arriscam suas vidas em defesa do outro, dos que mantém a ordem; dos que minimizam a miséria, a fome e a delinquência; daqueles que trabalham, anônimos, para manter o conforto que usufruímos em nosso lar; das ONGs que se dedicam à preservação da Vida na terra, no ar, nas águas, velando pela Natureza e pelo meio ambiente.

Sobre a Humanidade desencarnada, falemos das falanges de Espíritos que já preparam o seu retorno ao planeta das formas, com a missão de fazer retornar às Ciências, às Artes, à Educação, à Cultura, à Religião, o caminho da transcendência, para o imenso trabalho da Regeneração planetária que já teve seu início há 300 anos. Falemos ainda sobre as comunidades espirituais em trabalho constante de apoio e sustentação aos encarnados de qualquer nacionalidade, credo, raça, costumes, cultura, pois é grande a Casa do Pai, e não há privilegiados em suas Moradas.

Falemos, sim, sobre a Divina Promessa, pois ela jaz latente em todo e qualquer coração humano, contudo, efetivemos a sua construção efetiva, a começar pela harmonia em nossas atitudes; falemos na Doutrina Espírita, mas acima de tudo, vivamos os seus postulados emprestando-lhe de nossa dignidade e respeito; não pregação (hábito das religiões), mas vivência real, clara, objetiva, sustentada no estudo profundo e no profundo desejo de sermos bons; não somente divulgar, mas Educar com coerência.

O mal será dizimado desta forma? Dizem os Espíritos que por algum tempo ainda estaremos em estreito combate com as sombras, pois ela jaz em nossas consciências. Entretanto, o Progresso já se faz presente, pois a luz já ilumina as trevas, a esperança ganha vida, e o conhecimento aliado à ética trarão, em breve, e definitivamente, a Grande Promessa para a convivência humana, pois ela é inerente ao progresso, é determinismo latente no Ser, é sublime e eterna Verdade.

Todavia, ela não virá por si só – dependerá de nossa íntima aceitação, de nossa adesão incondicional, e de absoluta integração na sociedade, como instrumentos transformadores e facilitadores de sua renovação.

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