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Relembrando Paulo e os Quarenta Mártires da Capadócia

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Sonia Theodoro da Silva

Uma releitura periódica de “Paulo e Estêvão” dá-nos a dimensão não só do trabalho de divulgação cristã ao tempo de Jesus, mas de particularidades do convívio dos antigos seguidores do Mestre, às vezes inobservadas, contudo, de grande eloquência, por sua atualidade e importância.

Os grandes personagens da história cristã tornaram-se grandes não por sua projeção no meio em que viviam, haja vista o esquecimento a que Paulo esteve relegado durante muito tempo após sua morte, mas por sua capacidade de renúncia a tudo o que não expressasse a verdadeira mensagem do Mestre. Meditando em suas ações e pensamentos, reconhecemos que Saulo fez-se Paulo de forma gradativa, lenta, mas constante, profunda e definitiva. Espírito preparado? Sem dúvida. Mas o grande momento da estrada para Damasco coloca-o frente à sua própria verdade existencial. E ao reconhecê-la, projeta-se à frente, de posse da missão para o qual fora convidado a realizar. Dali em diante, vemos um homem em luta constante com os desafios da existência, tentanto (e conseguindo) superar-se a si mesmo, ao seu passado, à própria cultura, à cultura de sua época, aos desmandos religiosos farisaicos, à política hegemônica romana, aos hábitos judeus, aos mitos e superstições dos gentios – “já não sou eu, mas o Cristo que vive em mim”.

Por outro lado, os quarenta da XII Legião de Sebastes, na Capadócia, em fins do século IV, com os sacrifícios a que foram submetidos e ao precoce martirológio aceito com absoluta concordância e união de propósitos numa época de grave transição religiosa, conduz-nos à reflexão, por vários ângulos.

Embora a época seja outra, vivemos momento semelhante, e, não obstante a civilização avançada em conhecimento e ciência, o ser humano é o mesmo e ainda carece dos convites da Vida para burilar-se e ir ao encontro da própria realização espiritual. É certo que hoje, os testemunhos concentram-se em outros alvos. Hoje como ontem, ampliam-se os horizontes de ação.

E ao espírita, que atualmente superou o preconceito dos religiosos sectários, também está reservado o mesmo mecanismo de ação interior e de absoluta adesão à ética e à moral preconizada e inerente a Jesus. Conhecer, sim, mas sobretudo, amar. Estudar e ampliar a visão de mundo sim, mas também sentir o doce sentimento da amizade sincera, do companheirismo, da partilha, do respeito mútuo, da troca, dos encontros fraternos de estudo e de trabalho em prol de uma comunidade mundial ainda e por muito tempo carente de conhecimentos acerca de sua verdadeira natureza, a espiritual.

Paulo, Estêvão, Abigail, Barnabé, Filoctemo, Gútrio, Claudio, Valério, Caio e muitos outros permanecem à frente de nossas vidas, como semeadores da parábola, indicando-nos o bom terreno, aplainando-o e retirando as pedras e os calhaus para que prossigamos, não na luta inútil de uns contra outros, na guerra e na morte, originando doenças e enfermidades mentais, como acontece em nosso mundo contemporâneo, mas contra as nossas próprias imperfeições, tomando o jugo suave como lema e o fardo leve como bagagem.

Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, Paulo e Estêvão (Emmanuel/Chico Xavier), A Esquina de Pedra (Wallace L.Rodrigues), The Catacombs of Rome and the Origins of Christianity- Fabrizio Mancinelli, I.F.Editoriale, Firenze; Diário de viagens pelo Oriente Médio, da autora.

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