Lembrando e homenageando o fundador da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 1º. de abril de 1858. E conforme consta da Revista Espírita no mês de maio de 1858.
Não se trata do primeiro Centro Espírita, como querem alguns, o que poderia confundir os novatos adeptos do Espiritismo, já que a expressão Centro Espírita traduz atividades bem diferentes das da Sociedade fundada e desejada por Allan Kardec e seus companheiros.
Allan Kardec fundou um Centro de Estudos e de pesquisas relacionadas à imortalidade da alma, segundo a Codificação Espírita.
O PROF. HERCULANO PIRES DISSE CERTA VEZ QUE O ESPIRITISMO ERA O GRANDE DESCONHECIDO, INCLUSIVE DOS PRÓPRIOS ESPÍRITAS. HERCULANO, CIOSO DOS ENSINAMENTOS DOS ESPÍRITOS SUPERIORES CONTIDOS NA CODIFICAÇÃO, e igualmente respeitoso acerca das ponderações de Allan Kardec, inclusive da vida e dedicação deste à Codificação, não estava errado.
Ainda hoje constatamos a ausência de importância atribuída à Codificação como um todo, como norteadora do pensamento de todos aqueles que se lhes aproximam, bem como desconhecimento da vida e do pensamento daquele que dedicou os últimos anos de sua vida na pesquisa e estudos aprofundados da mensagem que Espíritos de superior evolução intelecto-moral trouxeram para a Humanidade.
Infelizmente vemos o Espiritismo e as obras da codificação misturadas com outras tantas de autoajuda e esotéricas em feiras de livros e livrarias, além de eventos que se intitulam de espíritas.
A coerência e o respeito aos Espíritos Superiores chefiados pelo Espírito da Verdade, Jesus de Nazaré, bem como a Allan Kardec, deveria conter o desejo de lucro que parece prevalecer nesses corações. nos dá o exemplo do codificador para as nossas vidas.
A Filosofia Espírita é a Filosofia do Espírito, do Espírito imortal criado à semelhança divina, em jornada infinita em busca da Verdade e do Bem, conforme diz o slogan deste programa.
Sem dúvida que a Filosofia Espírita sofre as injunções da imaturidade do senso moral de muitos, e ainda terá que abrir caminho por entre as manifestações de ingratidão e desrespeito, tal como aconteceu com a mensagem de Jesus ao longo dos séculos.
O exemplo de Allan Kardec é manifesto em toda a sua vida e principalmente quando toma o pseudônimo, para que o secularismo não lhe atribuísse a autoria de ensinamentos tão elevados quanto os que colhemos na Filosofia Espírita.
Kardec soube ser altruísta e extremamente respeitoso com relação à Filosofia do Espírito, pois sabia que Jesus de Nazaré estava de volta nesta que é a Filosofia de todas as filosofias.
Esta volta de Jesus aparece em tom de promessa nos evangelhos, e é no capítulo VI de OESE que o Consolador se mostra de forma bem ostensiva quando o Espírito da Verdade diz: “Venho como outrora entre os filhos desgarrados de Israel, trazer-vos a Verdade e dissipar as trevas.(…)”
Israel é um símbolo, o símbolo do resgate evolutivo de toda a Humanidade.
E a mensagem prossegue, afirmando que o Espiritismo reafirma a Sua palavra (Sua de Jesus), e faz lembrar aos incrédulos os seus ensinamentos, deturpados ao longo do tempo, conforme Ele próprio prometera no Evangelho de João.
Lembra que os homens se deixaram envolver pela impiedade e afirma que os bons Espíritos estão unidos aos bons propósitos e intenções dos encarnados .
A mensagem prossegue, Jesus de Nazaré demonstra a imensa piedade pelas nossas imperfeições e desatinos. Alerta que no Cristianismo dos Homens são deles os erros que nele se enraizaram.
Apela para que os espíritas se instruam e se amem, que se dediquem com abnegação e devotamento ao autoconhecimento e se libertem pois “o sentimento do dever cumprido vos dará repouso ao espírito e resignação.”
Allan Kardec sabia da importância desse momento.
Vamos agora reproduzir e comentar alguns trechos de seu pensamento contidos em algumas obras da Codificação:
“Os Espíritos sabem perfeitamente em quem depositar confiança, a propósito das coisas que não podem ser compreendidas por toda a gente. Naqueles que apresentam condições insatisfatórias o ensino é bom, sempre moral, mas geralmente restrito a banalidades.” (pg 26)
“A filosofia é o principal, não passando as manifestações de simples acessório. Essa filosofia lhes explica o que nenhuma outra foi capaz de explicar e lhes satisfaz a razão pela lógica, preenchendo o vazio da dúvida; isto lhes basta.” (pg. 28)
“tenho adversários naturais nos inimigos do Espiritismo. Não penseis que me lastime: longe disto! Quanto maior é a animosidade deles, tanto mais ela comprova a importância que a Doutrina assume aos seus olhos; se fosse uma coisa sem consequência, uma dessas utopias que já nascem inviáveis, não lhe prestariam atenção, nem a mim. Não vedes escritos muito mais hostis que os meus quanto aos preconceitos, e nos quais as expressões não são mais moderadas do que a ousadia dos pensamentos, sem que, no entanto, digam uma única palavra? Dar-se-ia o mesmo com as doutrinas que procuro difundir, se permanecessem restritas às folhas de um livro. Mas, o que pode parecer mais surpreendente, é que eu tenha adversários, mesmo entre os adeptos do Espiritismo. Ora, é aqui que uma explicação se faz necessária. Entre os que adotam as ideias espíritas, há, como sabeis, três categorias bem distintas:
1a) – Os que crêem pura e simplesmente nos fenômenos das manifestações, mas que não lhes deduzem nenhuma consequência moral;
2ª) – Os que vêem o lado moral, mas o aplicam aos outros e não a si próprios;
3ª) – Os que aceitam para si mesmos todas as consequências da Doutrina, e que praticam ou se esforçam por praticar a sua moral. Estes, vós bem o sabeis, são os verdadeiros espíritas, os espíritas cristãos. Esta distinção é importante, porque explica bem as anomalias aparentes. Sem isso seria difícil compreender-se a conduta de certas pessoas. Ora, o que reza esta moral? Amai-vos uns aos outros; perdoai aos vossos inimigos; retribuí o mal com o bem; não tenhais ódio, nem rancor, nem animosidade, nem inveja, nem ciúme; sede severos para convosco mesmos e indulgentes para com os outros. Tais devem ser os sentimentos de um verdadeiro espírita, daquele que vê o fundo e não a forma, que põe o Espírito acima da matéria; este pode ter inimigos, mas não é inimigo de ninguém, pois não deseja o mal a ninguém e, com mais forte razão, não procura fazer o mal a quem quer que seja.”
“O Espiritismo tem por divisa: Fora da caridade não há salvação, o que significa dizer: Fora da caridade não há verdadeiros espíritas. Concito-vos a inscrever, doravante, esta dupla máxima em vossa bandeira, porque ela resume ao mesmo tempo a finalidade do Espiritismo e o dever que ele impõe.”
” Bem sabeis, senhores, que a palavra caridade tem uma acepção muito ampla. Há caridade em pensamentos, em palavras, em ações; não consiste apenas na esmola. Alguém é caridoso em pensamentos sendo indulgente para com as faltas do próximo; caridoso em palavras, nada dizendo que possa prejudicar a outrem; caridoso em ações quando assiste o próximo na medida de suas forças. O pobre, que partilha seu naco de pão com outro mais pobre que ele, é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus do que aquele que dá do supérfluo, sem de nada se privar.
Quem quer que alimente contra o próximo sentimentos de ódio, de animosidade, de inveja, de rancor, falta com a caridade. A caridade é a antítese do egoísmo; a primeira é a abnegação da personalidade, o segundo é a exaltação da personalidade.
Uma diz: Para vós em primeiro lugar, para mim depois; e o outro: Para mim antes, para vós se sobrar. A primeira está toda inteira nestas palavras do Cristo: “Fazei aos outros o que quereríeis que vos fizessem.” Numa palavra, aplica-se sem exceção a todas as relações sociais. Haveremos de convir que, se todos os membros de uma sociedade agissem de conformidade com esse princípio, haveria menos decepções na vida.” (pg.77)
“Sem a caridade, não há instituição humana estável; e não pode haver caridade nem fraternidade possíveis, na verdadeira acepção da palavra, sem a crença. Aplicai-vos, pois a desenvolver esses sentimentos que, engrandecendo-se, destruirão o egoísmo que vos mata. Quando a caridade tiver penetrado as massas, quando se tiver transformado na fé, na religião da maioria, então vossas instituições se tornarão melhores pela força mesma das coisas; os abusos, oriundos do personalismo, desaparecerão.”
(ESTE TEXTO MERECEU DIVULGAÇÃO NO PROGRAMA “FILOSOFANDO”, NA TV MUNDO MAIOR)
Sonia Theodoro da Silva, filósofa e espírita.