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Eurípedes Barsanulfo

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 (1º/05/1880 – 1º./11/1918) nasceu em uma numerosa família mineira da cidade de Sacramento, tradicionalmente católica. Seus pais Hermógenes Ernesto de Araújo e Jerônima Pereira de Almeida eram carinhosamente chamados pelos familiares de sr. Mogico e dona Meca.

.Aos nove anos de Eurípedes, o sr. Mogico matricula o filho no Colégio Miranda, onde a criança se destaca e torna-se assistente dos professores; aplicado, ajudava a transmitir as lições aos colegas e em casa, toma para si a tarefa de educar os irmãos. É desta forma precoce que se iniciam as atividades pedagógicas que o fizeram destacar-se no magistério sacramentano. Sempre muito interessado em leituras, principalmente livros de Medicina e de Homeopatia, procurava uma solução para a grave enfermidade que acometera a sua mãe.

Aos 17 anos, juntamente com alguns amigos e familiares abre uma  farmácia homeopática  que atende aos necessitados da cidade e dos arredores de Sacramento, que ali  acorrem em busca de ajuda.

No princípio do ano de 1902 seu pai resolve levar Eurípedes para  dar   prosseguimento aos estudos no Rio de Janeiro, onde consegue matrícula no Curso Preparatório para a Escola de Medicina da Marinha.

Ao voltar para casa em Sacramento, a notícia foi recebida com alvoroço por todos, pois era um passo decisivo para a carreira de Eurípedes; os preparativos se faziam necessários para a permanência na capital, distante da família. Às vésperas de da saída do jovem, sua mãe é acometida por uma de suas crises que tanto preocupava a família, e de modo particular Eurípedes; com isso, o sonho de ir para a Escola de Medicina foi adiado ficando Eurípedes em Sacramento.

Eurípedes buscava descobrir a causa das crises que acometiam sua mãe, e decidiu buscar meios que a livrassem daquele sofrimento. Decide ainda mudar de profissão, voltando-se para as funções de educador e professor.

Funda, na cidade de Sacramento, o Liceu Sacramentano em 1902, instituição que rapidamente se destaca  pelo método de ensino que Eurípedes tão bem aprendera no Colégio Miranda.

Destacou-se também na vida política entre 1907 a 1912 quando exerceu o cargo de vereador trazendo  melhorias para a humilde cidade como:  água encanada, bonde, eletricidade, e um cemitério público.

Fiel e dedicado à igreja católica, secretariando a Irmandade São Vicente de Paulo, em 1903, Eurípedes toma contato com a Bíblia, cuja leitura era proibida para leigos, contudo, recebe-a das mãos do padre Augusto Teodoro Maia. Ao ler o livro, Eurípedes inquieta-se com a leitura do Sermão do Monte e procurando compreender as consolações prometidas pelo Cristo, busca, junto ao padre, respostas que não o satisfazem. Nessa época, já havia na cidade de Sacramento mais precisamente na Fazenda Santa Maria, reuniões de estudos de uma nova doutrina – a Doutrina Espírita – que se iniciaram por força de fenômenos mediúnicos acontecidos na mesma Fazenda.
Eurípedes discutia com sr. Mariano da Cunha Júnior, o “tio Sinhô”, os diferentes pontos de vista religiosos. Até então, Eurípedes era católico e “tio Sinhô”, espírita. Tio Sinhô era um homem rude do campo e não podendo responder à todas as indagações de Eurípedes, apresenta-lhe um livro que poderia explicar o que ele não conseguia fazer. Era um exemplar do Livro “Depois da Morte”, de Léon Denis.

Eurípedes devora a leitura e confessa ter se empolgado fortemente com a lógica convincente do seu autor. Desde então, Eurípedes passa também a se interessar pelo estudo da nova doutrina e a participar das sessões mediúnicas na Fazenda de Santa Maria. Lá mesmo, em certa ocasião, Eurípedes roga mentalmente o esclarecimento para as dúvidas surgidas com a leitura anterior  das bem aventuranças, e pede que sejam esclarecidas pelo Apóstolo João, o Evangelista e, que a resposta venha através de um médium semianalfabeto, por nome Aristides.  Numa linguagem sublime o esclarecimento vem tal como solicitado e Eurípedes compreende o mais perfeito código de consolações.

Desde então, Eurípedes desliga-se definitivamente do catolicismo e torna-se espírita. Contudo, vivendo em uma cidade predominantemente católica sofre todas as consequências da sua escolha. É criticado e abandonado pelos amigos, é obrigado a fechar o Liceu Sacramentano, muitas vezes é considerado com louco, porém, muito embora abatido pelas lutas, em momento algum perde a fé em Deus e mantém-se firme no propósito de servir a todos aqueles necessitados que  viviam nas redondezas.

O próprio Espírito Vicente de Paulo vem, em comunicação mediúnica, orientar a Eurípedes para se desligue definitivamente da irmandade São Vicente de Paulo e o convida a criar outra instituição, cuja base seria o Cristo, o orientador espiritual seria ele próprio (Vicente de Paulo) e Eurípedes o responsável. Recebe ainda uma mensagem de Maria de Nazaré que lhe orienta a não encerrar as atividades da Escola sob nenhuma hipótese, e mais,  a criar o Colégio Allan Kardec, onde ensinaria, entre outras tantas matérias escolares, a Doutrina Espírita. Eurípedes trabalha incansavelmente sem reclamar, sem vacilar e sempre solícito às orientações que as pessoas lhe pediam.

Eurípedes jamais perdeu a fé e não se desviou de seu objetivo, mesmo sob inquéritos policiais abertos por exercício ilegal da medicina, sendo ameaçado de morte.

É célebre o debate em praça pública em que o padre Feliciano Iague, da cidade de Campinas, SP, que fora convocado a Sacramento por ordem do bispado da região para fazer calar o Espírita da  cidade, a quem chamavam de louco. Sob a assistência de grande número de pessoas que acorreram das mais diferentes localidades e perceberam a palavra serena e cheia de amor de Eurípedes em resposta aos mais violentos ataques verbais que já sofrera. Ao final, o padre ainda recebeu envolvente e fraternal abraço de seu contendor.

O trabalho de Eurípedes teve sucesso pelo auxílio de amigos e dos parentes com quem convivia, suas irmãs e irmãos, além do apoio incondicional de dona Meca, que, após entender a escolha que o filho fizera, convertera-se ao Espiritismo. Sua cura ocorre logo após a assistência espiritual a que se submete, já que as  crises eram provocadas por Espírito obsessor; com o entendimento e assistência prestada igualmente ao Espírito, este afasta-se, e Eurípedes consegue o que mais desejava: a cura de sua mãe. Após o fato, dona Meca torna-se sua auxiliar nos trabalhos espirituais pelo seu potencial magnético.

Eurípedes Barsanulfo era portador de diversos gêneros de mediunidade (vidência, audição, psicofonia, psicografia, efeitos físicos, cura e bicorporeidade) o que lhe permitia  auxiliar os que lhe buscavam a assistência

Acometido pela gripe espanhola, mesmo enfraquecido, ainda atende aos necessitados o quanto pode. A  1º. de novembro de 1918, o grande trabalhador da Causa Espírita falece na mesma cidade de Sacramento, aos 38 anos de idade.

Bibliografia:

1.     EURÍPEDES O HOMEM E A MISSÃO – Corina Novelino. (IDE- Instituto de Difusão Espírita – 4ª edição – 1981)

2.     EURÍPEDES BARSANULFO –  site Portal do Espírito

3.     EURÍPEDES BARSANULFO, O APÓSTOLO DA CARIDADE –  Jorge Rizzini

Pesquisa: Noely Benedita Dancham Simões

Revisão: Sonia Theodoro da Silva.

Imagem: Portal do Espírito

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