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Cesare Lombroso

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Nascido em Verona, Itália, em 06 de novembro de 1835, descendente, pelo lado paterno, de judeus espanhóis expulsos de sua pátria pelos Reis católicos, em 1492, Lombroso foi educado dentro da religião judaica e desde cedo frequentou os centros de instrução de Verona.

Torna-se médico cirurgião aos 23 anos, mais tarde cientista e se alinha ao pensamento positivista. Centrando suas preocupações na antropologia, inicia estudos sobre as possiveis influências do meio sobre a mente. Lombroso acreditava que a estrutura do crânio determinava o caráter das pessoas e a sua capacidade mental, assim, em 1876 publicou sua primeira obra “O homem delinquente”, ressaltando a frenologia.

As ideias de Lombroso de que o criminoso nato enquadrava-se em determinadas características somáticas ganhou status de ciência e teve muitos adeptos, principalmente no campo da sociologia criminal, psicologia, filosofia, medicina, criminologia, e no direito penal.

 Lombroso e a Doutrina Espírita

Adepto do positivismo, Lombroso negava sistematicamente a existência dos fenomenos psíquicos, dizia ele que não passava de charlatanice, de credulidade de gente simples. Por diversas vezes chegou a ridicularizar as manifestações espíritas e insultar seus adeptos. Neste sentido em 1882, na cidade de Turim publicou o opúsculo “Studi sull´ipnotismo”, embora negando e ridicularizando, Lombroso fez algumas reflexões e em julho de 1888 publicou artigo no jornal Fanfulla della Domenica, intitulado L’influenza della civilta e dell occasione sul gentio” , onde refere-se ao Espiritismo de forma menos intransigente, conforme pode-se ver:

Chi sa che io ed i mieri amici, che ridiamo dello spiritismo, non siamo in errore”. (Quem sabe se eu e meus amigos, que rimos do Espiritismo, não laboramos em erro).

O Conde Ercole Chiaia, que lera o artigo do Fanfulla de autoria de Lombroso, e escreve-lhe uma longa carta publicada no mesmo jornal, com o título de “Una Sfida per la Scienza”, convida-o a aprofundar melhor o assunto acerca do Espiritismo, em Nápoles, junto a Eusápia Paladino, médium extraordinária, que produzia diversos fenomenos. E disse mais, que essa senhora era doente, analfabeta, de classe humilde.  Embora relutante, três anos depois, em março de 1891, por motivos profissionais, Lombroso vai a Nápoles e participa de algumas sessões mediunicas, e conhece a senhora Eusápia Paladino, fazendo diversas experiências.

Para realizar tais experiências, Lombroso fez algumas exigências:

Não participaria de sessão às escuras ou de sessão pública, e as experiências deviam realizar-se à luz do dia e no quarto do Hotel onde estava hospedado.

Eis a narrativa do próprio Lombroso acerca da sua iniciação nos fenômenos espíritas conforme consta no site:

Quando vi, à plena luz, uma mesa levantar-se do chão – só Eusápia e eu estávamos juntos da mesa – e uma pequena trombeta voar como uma flecha da cama à mesa e desta à cama, meu ceticismo recebeu um choque, e eu desejei fazer novas experiências de outra natureza, no mesmo hotel.

Na sessão seguinte, fui testemunha da habitual mudança de lugar de objetos e ouvi pancadas e ruídos. O que mais me impressionou foi uma cortina existente defronte da alcova, a qual, desprendendo-se de repente, se dirigiu para mim e enrolou-se ao meu corpo, apesar dos meus esforços contrários, parecendo exatamente uma delgadíssima folha de chumbo. Só após algum tempo consegui desenredar-me dela.

Outro fato muito me impressionou: um prato cheio de farinha deu um giro, e, ao se colocar na situação primitiva, verifiquei que a farinha, antes perfeitamente seca, se havia transformado numa espécie de gelatina, permanecendo neste estado por um quarto de hora.

Finalmente, quando nos íamos retirar do quarto, um pesado móvel que estava num canto afastado do apartamento principiou a deslizar na minha direção, como se fosse enorme paquiderme”.

Muitos fenômenos foram observados ainda por Lombroso que não tendo mais como negá-los permitiu fosse publicado em 15 de julho de 1891, na Tribuna Giudiziaria, uma carta por ele endereçada ao professor Ciolfi em 25 de junho de 1891, onde confessava publicamente estar envergonhado e desgostoso por ter sido tão feroz no combate aos fatos espiríticos, afirmando ainda ser contrário a teoria, embora os fatos existissem e ele se orgulhasse de agora ser escravo deles.

Em 1902, na casa da condessa Celesia, reunido com a médium Eusápia e um pequeno grupo de amigos, entre surpreso e emocionado, viu materializar-se o Espírito de sua mãe, ouve-lhe a voz e sente-lhe o contacto. Anos depois, este fato se torna a repetir ante seus olhos e dos demais assistentes.

Lombroso diante dos fatos, não mais recalcitrou, passando a considerar autenticos os fenomenos e as manifestações dos Espíritos. É ele que em 1906, afirma em um artigo  sobre o fenomeno espiritista e a

outra interpretação (Sul fenomeni spiritici e la loto interpretazione):

 “Se houve um indivíduo, por educação científica, contrário ao Espiritismo, este indivíduo fui eu, eu que escarneci por tantos anos a alma das mesinhas… e das cadeiras, e havia consagrado a vida à tese que diz ser toda força uma propriedade da matéria e a alma uma emanação do cérebro!”

Assim Lombroso após pesquisar detalhadamente os fenomenos espiritas mais tarde, em 1909, publicou a obra “Hipnotismo e Mediunidade” (Ricerche sui fenomeni ipnotici e spiritice), onde expõe o resultado

de suas pesquisas.

Lombroso torna-se um ardente defensor do Espiritismo na Itália do seu tempo, suas experiências entraram para a história da Doutrina dos Espíritos. Sua contribuição é inestimável no campo da ciência experimental.

Lombroso desencarnou em Turim (Italia) em 19 de outubro de 1909.

Pesquisa bibliográfica e on line:

LOMBROSO, César. Hipnotismo e mediunidade. Rio de Janeiro: FEB.

CARNEIRO, Victor Ribas – ABC do Espiritismo –  Edição Federação Espírita do Paraná.

CALHAU, Lélio Braga – Criminologia e a Escola positiva do Direiro Penal, julho de 2003 – Jus Navigandi.

Neide Fonseca.

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