Alexandre Aksakof (1832-1903)
Expoente do Espiritismo
Homem de ciência, diplomata e filósofo russo.
Tradutor da Codificação Espírita para a língua russa.
Alexander Nicolaievitch Aksakof (Алекса́ндр Никола́евич Акса́ков) nasceu em 27 de maio de 1832, na Rússia, cidade Ripievka, e desencarnou em São Petersburgo em 4 de janeiro de 1903.
Dentre os grandes cientistas que se notabilizaram na investigação e análise dos fenômenos espíritas, no século XIX, destaca-se a figura respeitável de Alexander N. Aksakof, médico, doutor em Filosofia, jornalista, editor e pesquisador dos fenômenos espíritas, e ainda, um grande diplomata e conselheiro de Estado na corte do Tzar Alexandre III, da Rússia.
Aksakof por volta de 1880-1886.
FAMÍLIA:
Membro de tradicional família nobre, cujos membros sempre ocuparam lugar de destaque na literatura e nas ciências, desde sua mocidade demonstrou acentuada tendência para uma vida de seriedade, percorrendo caminho notável e revelando qualidades de investigador, preocupado com as coisas da alma e do mundo espiritual.
Foi casado com a sra. Sophie Aksakof.
FORMAÇÃO:
Aksakof iniciou os seus estudos no Liceu Imperial de São Petersburgo, instituição privilegiada da nobreza russa. A seguir, dedicou-se ao estudo da Filosofia e da Religião e dada à relevância dessas matérias, aprofundou seus estudos com o hebraico, e em especial, o latim para estudar as obras do pensador sueco Emmanuel Swedenborg.
Publica em francês, em 1852, sua primeira obra que versa sobre Swedenborg “Uma exposição sistemática do sentido espiritual do Apocalipse segundo O Apocalipse Revelado”.
Durante anos Aksakof fez cursos de Filologia, entre os quais o de seu próprio idioma. Formando-se em Filologia, falava fluentemente o hebraico, latim, alemão, inglês, italiano e o francês.
Em 1854 toma conhecimento da obra de Andrew Jackson Davis “Revelações da Natureza Divina”, que lhe abre novos horizontes, intensificando suas aspirações e tendências intelectuais quanto à realidade do mundo espiritual.
Para fazer um completo estudo fisiológico e psicológico do homem, matriculou-se em 1855 na Faculdade de Medicina de Moscou, onde ampliaria, ainda, seus conhecimentos de Física, Química e Matemática, ao mesmo tempo em que acompanhava, passo a passo, o desenvolvimento espírita na Europa e na América. Conquistando o pergaminho de doutor, enveredou pelos árduos caminhos que conduzem ao êxito no campo do conhecimento, tornando-se lente da Academia de Leipzig, na Alemanha.
Homem de brilhante posição social consagrou-se durante 25 anos ao serviço do Estado, alcançando vários títulos, tais como: conselheiro secreto do Czar, conselheiro da Corte, conselheiro efetivo do Estado, e outros, que não são mais que um prêmio aos bons serviços prestados por ele à sua pátria.
MUDANÇA DE NOME:
Enquanto estava na Alemanha, Aksakov alterou seu nome para Aksakof para acomodar melhor com a pronúncia alemã de seu nome; e este é o modo pelo qual ficou mais conhecido fora da Rússia. (1)
ESTUDOS ESPÍRITAS:
O século XIX foi riquíssimo no surgimento de um grande número de cientistas que deslumbraram o mundo com os seus inventos e avanços de toda a ordem.
Da mesma forma, alguns cientistas passaram a se dedicar à comprovação dos fenômenos espíritas.
Assim, ao receber uma obra de Beecher – Revista de Manifestações Espíritas – Aksakof procurou colocar-se ao corrente das publicações sobre tal assunto e fortalecia seus conhecimentos com todos os livros sobre Magnetismo e Espiritismo, entre outros os de Louis Alphonse Cahagnet (1809-1885), a quem visitou em Paris, em 1861. Cahagnet, notável magnetizador francês, criou a primeira “Sociedade dos Magnetizadores Espiritualistas”, por sugestão do espírito Swedenborg.
Dedicou-se ao estudo dos fenômenos psíquicos, iniciando em 1855 estudos tão profundos, tão importantes, que até hoje jamais foram ultrapassados. A sua contribuição foi tão valiosa para o Espiritismo, que a partir de seus estudos ficou definitivamente demarcado os fenômenos mediúnicos em anímicos e espíritas.
“Pode-se, assim, dizer, que 1855 assinala o início do trabalho de Aksakof em prol do Espiritismo, que se estendeu com a tradução para o idioma russo de todas as obras de Allan KARDEC (1804-1869), de Robert HARE, MD (1781-1858), de John Worth EDMONDS “Judge Edmonds”, (1816-1874), de Andrew Jackson DAVIS (1826-1910), de Robert Dale OWEN (1801-1875), do boletim da “London Dialectical Society” (1867) e os trabalhos de William CROOKES (1832-1919).
Foi fundador e diretor do jornal Psychische Studien (Estudos Psíquicos), em 1874, na Alemanha, em Leipzig, e, posteriormente, com a sua morte, intitulado Zeitschrift für Parapsychologie, graças ao trabalho do Barão Schrenck-Notzinger.
Em 1881, Aksakof patrocinou a fundação e foi diretor da revista de assuntos psíquicos Rebus, a primeira publicação do gênero na Rússia.” (2)
DO ESTUDO À PESQUISA DOS FENÔMENOS ESPIRITUAIS:
Através de experiências feitas com médiuns famosos, Aksakof conduziu a Rússia a formar a primeira comissão de caráter puramente científico para o estudo dos fenômenos espíritas, assimilando adeptos entre cientistas e filósofos de seu tempo.
Efetuou, também, experiências e observações científicas com o concurso da médium italiana Eusápia Palladino, que serviu de fundamentação para sua obra mais importante: Animismo e Espiritismo. Cabe salientar que, Eusápia Palladino foi a primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experiências pelos cientistas da época.
“Esta obra monumental foi escrita em resposta às ideias anti-espíritas do famoso filósofo alemão Edwing Von Hartmann. Segundo as próprias palavras de Aksakof, a obra teve como principal objetivo “preservar a doutrina espírita dos ataques sérios a que no futuro ficaria indubitavelmente exposta, desde que os fatos sobre os quais se baseia sejam admitidos pela Ciência”.
Aksakof rebate com argumentos insofismáveis as hipóteses da “força nervosa”, da “alucinação” e do “inconsciente”, tão manipuladas e repisadas pelos contestadores dos nossos dias.
Graças à análise conscienciosa e imparcial dos inúmeros casos expostos pelo autor, esta obra revela-se um valioso auxiliar no processo de distinção entre os fenômenos anímicos (produzidos pelo Espírito encarnado) e os fenômenos espíritas (produzidos pelo Espírito desencarnado).
Com toda justiça, Animismo e Espiritismo, impôs-se como uma das mais importantes e completas obras escritas acerca do Espiritismo, do ponto de vista científico e filosófico.” (2)
“Prefaciando essa sua obra, Aksakof escreveu:
Não pude fazer outra coisa mais do que afirmar publicamente o que vi, ouvi e senti; e quando centenas, milhares de pessoas afirmam a mesma coisa, quanto ao gênero do fenômeno, apesar da variedade infinita das particularidades, a fé no tipo de fenômeno se impõe.
Não posso, pois, lamentar ter consagrado toda a minha vida à aquisição desse objetivo, se bem que por caminhos impopulares e ilusórios, mas que eu sei são mais infalíveis do que essa ciência. E, se consegui de minha parte, trazer ainda que só uma pedra à ereção do templo do ESPÍRITO – que a Humanidade, fiel à voz interior, edifica através dos séculos com tanto labor, será para mim a única e mais alta recompensa a que posso aspirar.” (2)
Portanto, como experimentador e observador científico, Aksakof realizou excepcionais trabalhos no campo espírita com o concurso dos mais famosos médiuns de seu tempo, viajando por diversos países.
Pode assim, realizar experiências com Madame d´Esperance (1849-1918), Eusápia Palladino (1854-1918), Daniel Dunglas Home(1833-1886), Florence Cook (1856-1904) e outros, concluindo seus estudos nessa grandiosa obra “ Animismo e Espiritismo “, em dois volumes, publicada em 1890, em Leipzig, Alemanha.
E mais, Aksakof ao estudar a mediunidade de Elizabeth d’Espérance (médium inglesa) testemunhou um evento sobre o qual escreveu a obra “Um Caso de Desmaterialização”.
“Aksakof aborda, nessa obra, o fenômeno da materialização, e, visando despertar a alma humana para os segredos de além-túmulo, prova, por métodos científicos, a realidade dos fenômenos espíritas. É uma obra capital para conhecimento dos fatos de materializações dos Espíritos e indispensável como complemento ao estudo do livro de Mme. d´Espérance, “Au Pays de l´Ombre” (Shadow Land), vertido para o nosso idioma com o título de “No País das Sombras”.
A obra apresenta, ainda, em forma de Apêndice, os relatos das célebres materializações do Espírito Katie King, através da mediunidade de efeitos físicos da jovem Florence Cook. Essas experiências foram levadas a cabo pelo respeitável cientista e pesquisador inglês, Sir William Crookes.
Atesta a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo físico, fazendo germinar em muitas almas a esperança e a fé.” (2)
COMISSÃO DE MILÃO – 1892:
Em 1892, em Milão, na Itália, Aksakof participou de inúmeras experiências com médiuns famosos para atestar a veracidade dos fenômenos espíritas observados na obscuridade, das quais sobressai o seu brilhante relatório da “Comissão de Professores”.
Participaram dessa Comissão além de Alexandre Aksakof, Conde; – Ângelo Brofferio, cientista italiano, professor de Filosofia, de Milão; que aceitou as manifestações espíritas, após suas experiências com a mediunidade de Eusápia Palladino (foto à esquerda); – Charles Richet, médico e fisiologista francês, doutor, professor-adjunto da Faculdade de Medicina de Paris e diretor de “Annales des Sciences Psychiques”, órgão oficial da “Societé Universelle d´Études Psychiques”, de Paris, França; – Césare Lombroso, doutor, antropólogo e notável criminalista italiano; – G. M. Ermacora, professor de Física, em Pádua; – Giovanni Schiaparelli, diretor do Observatório Astronômico de Milão; – Giuseppe Gerosa, professor de Física da Escola Real Superior de Agricultura de Porcini; – Hércules Chiaia, doutor, cientista italiano, introdutor do Espiritismo em Nápoles; – Du Prel, Barão Karl, filósofo e pesquisador psíquico, natural de Landshut, na Baviera, Alemanha.
Em “História do Espiritismo” (History of Spiritualism), editora Pensamento, Conan Doyle registra que foram realizadas 16 (dezesseis) sessões por essa Comissão (pag. 277).
MONUMENTAL OBRA DE INVESTIGAÇÃO E COMPROVAÇÃO DA FENOMENOLOGIA ESPÍRITA:
“Polemista temível e escritor delicado, os trabalhos de Aksakof levam a convicção ao espírito e tal sinceridade se vê em suas obras que, lendo-as, sente-se a necessidade de crer nelas. Alie-se a isto um caráter bondoso e uma vontade de ferro, que não se demove frente aos obstáculos, assim como a uma paixão imensa pelo ideal que o leva a percorrer a Europa para fazer experiências e ter-se-á uma ideia superficial a respeito do investigador incansável, dotado de uma alma varonil e de um talento primoroso.
Nunca permaneceu ocioso. Seus artigos abundavam nos periódicos espíritas e não há pessoa medianamente ilustrada que não conheça alguma das suas célebres experiências com os médiuns mais famosos como Home, Slade, d’Esperance, ou algum de seus estudos acerca de espíritos e formas materializadas.” (2)
Aksakof foi um verdadeiro sábio e raras vezes se acham reunidas tanta inteligência, tanta erudição em uma só pessoa. Porém, jamais se deixou arrastar pelos entusiasmos das suas convicções, nunca perdeu a serenidade em seus juízos.
No meio de seus pensamentos tão ardentes e sinceros, não esqueceu o raciocínio frio, que lhe fez compreender quais podem ser as causas dos fenômenos que observava, colocando-o acima dessa infinidade de fanáticos que não estudando, não experimentando, aceitam como bom tudo quanto se lhes querem fazer crer.
Pesquisa:
Obras:
– Animismo e Espiritismo, FEB, 3ª edição – 1978, Alexandre Aksakof.
– História do Espiritismo, editora Pensamento, Conan Doyle.
– Personagens do Espiritismo, FEESP, 2ª edição – 1997, Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves de Godoy.
Fonte e transcrições:
(1) www.correioespirita.org.br
(2) www.autoresespiritasclassicos.com (Revista ICESP, ano 4, nº 16, 4º trimestre/2005, Dr. Paulo T. Machado)
(3) Imagem inicial de Alexandre Aksakof: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Aksakof
(4) Imagem do Livro Animismo e Espiritismo, FEB
(5) Demais imagens: http://en.wikipedia.org/wiki/Alexandr_Aksakov
Pesquisador e educador: Mario Ludovico Bettini
Revisão: Sonia Theodoro da Silva
LIBERDADE FUNDAMENTAL OU FUNDAMENTALISMO DA LIBERDADE
LIBERDADE (OU LIBERTINAGEM) DE IMPRENSA – UMA OPINIÃO