Sonia Theodoro da Silva
Muito já se escreveu sobre Jesus de Nazaré, mais de um milhar de livros em todo o mundo; escreve-se sobre a sua presença na segunda pessoa da Trindade, sobre os mistérios que envolvem o seu nascimento e a sua ressurreição, os inexplicáveis milagres atribuídos à sua divindade. As teologias interpretam confusamente a natureza de Deus e Seu Filho como uma só substância dividida em duas frações. Centenas de milhares de livros buscam pelo Cristo histórico, os registros oficiais que atestem a sua real existência, a sua importância para a comunidade judaica da época, já que a sua presença incomodava os princípios ordenadores do farisaísmo, os dados oficiais de sua morte infamante bem como do julgamento que a antecedeu.
Alguns atribuem a sua vinda como apenas uma das muitas visitas que Ele fez ao mundo, já que por diversas vezes estivera entre nós e ainda voltaria. O seu nascimento de uma jovem virgem apenas repetiu as tradições que envolvem o nascimento de muitos deuses, já que o processo natural da encarnação jamais poderia compor a biografia de um deus, pois a concepção tinha quer ser igualmente divina – assim também nasceram os heróis mitológicos, estes, contudo, frutos do amor carnal entre deuses e mortais. As profecias relatadas antes de sua vinda como Jesus, os fenômenos na noite de Natal, a total ausência de informações sobre sua adolescência até a idade adulta, reforçam o miraculoso e o sobrenatural que abarcam a sua presença.
Muitos investem na ideia de que Ele é um ser extraterrestre que chega na Terra pelos meios tecnológicos altamente avançados de seu planeta. Outros querem que Ele seja como um homem comum, despido da mitologia que cerca Seu nome e Vida, contudo pleno de virilidade e de consequente paixão por uma mulher, preferencialmente aquela que estava próxima a Ele, e dotada do carisma da mulher bela e vivida.
Muitos ainda o querem um grande profeta que rivaliza com outro considerado grande e responsável pela criação de uma vertente religiosa monoteísta; ou seria ele apenas um rabino mal compreendido ou ingênuo que desafiou os poderes de seu tempo representados pelo povo escolhido e pelo conquistador romano? Sim, pois jamais seria o Messias aguardado já que o mundo permanece em conflito, as enfermidades ceifando vidas, as guerras destruindo nações inteiras; jamais um Messias seria julgado, morreria na cruz infame, e muito menos ressurgiria da morte a conversar com seus discípulos.
Que competência teria alguém nascido de mulher para perdoar pecados, curar leprosos, dar olhos aos cegos, expulsar demônios?
Sem dúvida muitas dúvidas e interpretações ainda surgirão em torno Dele. Porém o pior são as criações fantasiosas e criativas que continuam a monopolizar as atenções, afastando-nos da Sua presença reconfortante e amiga.
O Espiritismo, surgido entre nós como a síntese do conhecimento, daquele conhecimento despido das suposições meramente humanas, filtrado nas intuições e nas inspirações captadas dos mentores amigos pelos estudiosos trabalhados pelas reencarnações até alcançarem a sutileza de espírito necessária àquele que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir com sabedoria, pode dar-nos as melhores e mais lúcidas condições de bem compreendermos o Mestre e suas lições.
E todo este Conhecimento foi transmitido a Allan Kardec, de maneira simples e objetiva, sem convocações a chancelas academicistas de qualquer sorte; sem religiosismos ou evangelismos; sem ceticismo cientificista, sem interpretações humanas temporais porque estas estão presas ao tempo, à duração humana, não à eterna.
Sonia Theodoro da Silva, filósofa e filósofa espírita.
Artigo postado no site http://vervisaoespiritadareligiosidade.blogspot.com