Victor-Marie Hugo nasceu em 26 de fevereiro de 1802, na cidade de Besançon – França, filho de Léopold Sigisbert Hugo e Sophie Trébucher, respectivamente, ele, general do exército napoleônico, republicano por convicção política, e ela monarquista. Não tardou a separação dos seus pais, pelas óbvias desavenças. Assim, nosso biografado, filho de pais separados, acompanhou sua mãe em diversas cidades, na França, Itália e Espanha. Sua capacidade intelectual foi logo destacada ainda em tenra idade, pois já dominava as técnicas da escrita de forma admirável. Estreou no mundo literário em 1822, aos vinte anos de idade, com o livro “Odes e Poesias diversas”, publicou em 1831, seu romance “Nossa Senhora de Paris”, mais conhecido como o Corcunda de Notre Dame, vindo a tornar-se um best-seller mundial, transformado em filme.
Ingressou na Academia de Letras Francesa, no ano de 1841, tendo sido a posteriori um dos maiores representantes da escola romântica.
Em 1862, publicou a sua obra de maior destaque, o famoso romance “Os Miseráveis”, cujo quinto volume ao seu final, traz o seguinte epitáfio:
“Ei-lo aqui dorme. Trouxe sempre a sorte
Em contínuos baldões, porém vivia.
Perdeu seu anjo, arrebato-o a morte
Sereno como a noite após o dia.”
Além de grande romancista, poeta e dramaturgo ficou conhecido pelas suas inclinações às causas sociais, defendia a paz universal, os direitos das crianças e dos homens, a abolição da pena de morte e o progresso social. Aproximou-se da política, ingressando no Parlamento Francês, defendendo a democracia como um sistema válido de governo.
Na ocasião do golpe de Napoleão, por volta do ano de 1851, Victor Hugo intentou uma resistência, porém, sem grande êxito, em face da violência das tropas e a passividade do povo. Foi convidado a sair da França. Ficou exilado por um longo período de 18 anos, a princípio na Bélgica e posteriormente na Ilha de Jersey, no Canal da Mancha seguindo dali para a Ilha de Guernsey juntamente com sua esposa e filhos.
Retornou ao seu país em 1870, vindo a desencarnar no dia 22 de maio de 1885, aos 83 anos.
Seu legado é imenso no âmbito da literatura, os seus pensamentos igualmente influenciaram filósofos e escritores modernos.
Victor Hugo aproximou-se dos estudos ocultistas e também do Espiritismo, especialmente após ter contato com as mesas girantes, no período em que ficou no exílio em Jersey, através da mediunidade da poetisa e romancista Madame Delphine Girardin, que também passava por exílio na ilha de Jersey. Em uma das sessões com Madame Delphine, a mesa, através das pancadas, trouxe informações sobre a filha de Victor Hugo, Lèolpoldine, desencarnada em um naufrágio no rio Sena, em 1843. Após esta experiência, Victor Hugo continuou recebendo recados de sua filha, usando esta experiência concreta para desenvolver suas ideias sobre a imortalidade, sobrevivência e reencarnação.
Em 1863, Allan Kardec já reconhecia Victor Hugo como um expoente no movimento espírita, incluindo na Revista Espírita do mesmo ano, uma carta de Hugo para Alphonse de Lamartine (Alphonse Marie Louis de Prat de Lamartine, escritor, político e poeta francês (1790-1869), em face da desencarnação da esposa deste último.
A busca espiritual de Victor Hugo foi evidenciado por Emmanuel Godo, escritor e ensaísta atual no livro “Victor Hugo et Dieu”. No entendimento de Humberto Mariotti, em seu livro “Victor Hugo Espírita”, menciona que a qualidade espírita do escritor se depreendia da forma do seu estilo romântico que transcendeu as formas clássicas, pois a sua maneira de ver o mundo passava pelo invisível, ou seja, o fundamento imaterial do mundo físico.
Hoje, o Espírito Victor Hugo, lúcido e imortal, continua nos oferecendo a sua palavra espiritualizada, através da psicografia de vários médiuns brasileiros. Em 1923, portanto, 38 anos depois da morte do poeta francês, a médium mineira de Juiz de Fora (1878 – 1969) Zilda Gama lançou, do genial escritor, as seguintes obras psicografadas por ela:
“Na Sombra e na Luz” (1923)
“Redenção” (1931)
“Do Calvário ao Infinito” (1944)
“Dor Suprema” (1945)
“Almas Crucificadas”
“O Solar de Apolo (1946)”
• Na Sombra e na Luz (1923)
Novela passada quase toda no século XIX, desenvolvida em cinco livros, como denomina a autora. Cada um desses “livros” trata de uma encarnação de cada personagem vivenciada em existências tumultuosas. O objetivo da obra é mostrar aos seres sofredores e moralmente mutilados a possibilidade da regeneração humana, que se vai verificando por meio das diversas reencarnações do Espírito, com base na Justiça Divina, que permite o consolo e a análise das quedas ou conquistas que cada personagem, cada um vivendo a sua trajetória marcada pela saída das sombras, resultantes do erro, para a luz, definida pela ascensão à perfectibilidade.
• Redenção (1931)
Romance; trata da interdependência dos seres humanos na busca da ascensão espiritual através dos processos da reencarnação. A criatura humana vive inúmeras encarnações solidárias entre si e resgata em cada uma os erros praticados, ressaltando que a redenção é a conquista da felicidade.
• Do Calvário ao Infinito (1944)
Em uma aldeia muito pobre da Rússia do século XIX, Pedro Ivanovitch, órfão aos dez anos de idade, foi abrigado no lar do terrível sr. Peterhoff e de seu invejoso filho André. Alvo de perseguições e atrozes castigos, seu único alento era a bondade da menina Sônia Peterhoff.
Vibrante e emotivo, este romance narra a história de almas ligadas entre si que, em expiações redentoras, lutam e sofrem para ressarcimento de crimes cometidos até a conquista da felicidade.
Há em toda a obra um sopro de eternidade, consolo aos sofredores, exemplos de esperança e certeza da Justiça Divina.
• Dor Suprema (1945)
O enredo deste romance se desdobra antes e depois da vinda do Cristo, na poderosa Itália dos Césares, onde, de permeio com a devassidão e a crueldade, se destacam exemplos de heroísmo que comovem e despertam a admiração do leitor. Dor Suprema relata diferentes encarnações dos personagens e a continuidade de suas existências interligadas por sentimentos de amor e ódio, de forma a demonstrar o processo de evolução da alma humana, comprovando a inexorável Justiça Divina, retratada na lei de causa e efeito.
• Almas Crucificadas
Nesta novela, ambientada no final do século das Cruzadas, o autor espiritual leva sua emoção pelos caminhos da insensatez humana, na apresentação da história de uma condenável paixão. Narra o drama do conde Cláudio Solano, que se apaixona pela esposa do seu melhor amigo e o mata na esperança de ficar com o fruto de seu descontrolado sentimento. Porém, o remorso e as amargas consequências do crime cometido lhe trazem uma vida inteira de sofrimentos. Demonstra que a Justiça Divina dá a cada um segundo as suas obras, mas concede ao coração arrependido o amparo necessário para que prossiga na sua luta redentora.
• O Solar de Apolo (1946)
Romance mediúnico que faz o leitor voltar ao ano de 195 d.C., junto à cidade grega de Sicione, pequena cidade do Peloponeso, às margens do golfo de Corinto e província do Império Romano do qual a Grécia fazia parte. Num momento histórico no qual a religião predominante era o culto a vários deuses, este relato apresenta uma sequência de fenômenos mediúnicos, e a modificação do Solar de Apolo para Solar de Jesus.
Victor Hugo, também manifestou-se através da mediunidade de Divaldo P. Franco, que declarou ser Zilda Gama o mesmo Espírito Lèopoldine, filha de Victor Hugo. Pela sua psicografia o gênio francês escreveu:
“Párias em Redenção”
“Sublime Expiação”
“Do Abismo às Estrelas”
“Calvário de Libertação”
“Árdua Ascensão”
Fonte: http://www.folhaespirita.com.br/v2/node/10?q=node/172